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24/07/2009 - Mercado reage e desemprego cai a 8,1%
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indústria mostra sinais de que volta a contratar, ajudando nos números gerais de desemprego em junho, que caiu para 8,1%, ante 8,8% em maio, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para o gerente da pesquisa mensal de emprego do instituto, Cimar Azeredo, essa queda simboliza o primeiro ponto de inflexão da taxa no ano. A redução na taxa resultou, sobretudo, do aumento na geração de empregos e da queda no número de desocupados de um mês para o outro. “Foi o primeiro momento em que o mercado de trabalho começou a tomar fôlego após o início da crise”, afirmou Azeredo.

O resultado da taxa de desemprego nas seis principais Regiões Metropolitanas do País ficou abaixo das estimativas dos analistas, que variavam de 8,7% a 9,3%, com mediana de 8,85%. Em junho de 2008, a taxa era de 7,9%. O rendimento médio real dos trabalhadores registrou queda de 0,3% em junho ante maio e subiu 3% ante junho de 2008. O número de ocupados nas seis principais regiões do País aumentou 0,8% em junho em relação a maio, com a geração de 164 mil vagas. Em junho, havia 21,148 milhões de ocupados nas seis regiões pesquisadas. Ainda nessa comparação, o número de desocupados (sem trabalho e procurando emprego) caiu 8,3%, para 1,867 milhão.

Na comparação com junho de 2008, houve uma pequena queda (-0,1%) no número de ocupados, com perda de 23 mil vagas. A quantidade de desocupados, por sua vez, aumentou 3,3% nessa mesma base de comparação. Segundo Azeredo, “o mercado de trabalho sem dúvida mostrou um resultado favorável. Ainda não conseguimos nos equiparar aos avanços de 2008, o mercado não mostra o aquecimento do ano passado, mas mostrou recuperação em junho, deu uma arrancada no mês e agora resta aguardar os resultados dos próximos meses”, afirmou.

Um dos pontos de dúvida para os próximos meses, está na população não economicamente ativa (sem trabalho e sem procurar emprego), que aumentou 0,6% em junho ante maio, para um total de 105 mil pessoas. A alta pode ter relação com uma espera das pessoas por resposta a uma providência tomada de procura por emprego, mas também pode ser um sinal de aumento do desalento, ou seja, desistência da procura por uma vaga.

O setor industrial ampliou o número de trabalhadores em junho ante o mês anterior, mas continuou reduzindo postos em relação a igual período do ano passado. O total de ocupados na indústria subiu 1,7% em junho ante maio, com geração de 58 mil vagas de um mês para o outro. Na comparação com junho de 2008, porém, houve uma queda de 5% no número de trabalhadores do setor, com perda de 183 mil vagas no período. Azeredo observou que, apesar dos cortes no emprego industrial em relação ao ano passado, prossegue o aumento no rendimento médio real do setor, que subiu 3,9% no primeiro semestre de 2009 ante igual período do ano passado. “Os dados da renda no semestre mostram que as demissões na indústria estão ocorrendo no chão de fábrica”, avalia Azeredo.

Nível de queda apurado em junho pelo IBGE surpreende analistas
O economista da Opus Gestão de Recursos e professor da PUC-RJ, José Marcio Camargo, avalia que a expectativa para o mercado de trabalho neste segundo semestre “melhorou muito” a partir dos dados de junho da pesquisa mensal de emprego do IBGE. “Essa taxa de 8,1% é muito menor do que eu esperava e acredito, agora, que a taxa média do ano poderá ser muito mais baixa do que os 10% em que eu acreditava”, disse.

Camargo destacou que a geração de postos de trabalho nas seis principais Regiões Metropolitanas do País em junho ante maio, de 164 mil vagas, ficou muito próxima da redução do número de desocupados, de 169 mil de um mês para o outro. “Esse é um sinal de que de alguma forma o mercado está reagindo e gerando emprego”, disse.

Outro dado importante da pesquisa e que indica uma melhora no mercado de trabalho, segundo Camargo, é a geração de postos de trabalho na indústria. O setor industrial registrou um aumento no número de trabalhadores de 1,7% em junho ante maio, a primeira expansão do ano na comparação com o mês anterior. “Há sinais positivos importantes”, observou. Porém, para Camargo, mesmo com a melhora observada em junho o mercado de trabalho “ainda está fraco” e há também sinais negativos, como a queda na ocupação no comércio em junho ante maio (-0,7%, a primeira queda do ano nesse segmento nessa comparação). Segundo Camargo, o dado que exige atenção diz respeito ao aumento da população não economicamente ativa (sem trabalho e sem procurar emprego), que também aumentou no mês. Ele disse que esses inativos podem estar esperando um momento à frente para procurar emprego enquanto possivelmente se apoiam, no momento, em indenizações trabalhistas ou seguro-desemprego.

Para a equipe de analistas do Banco Fator liderada pelo economista-chefe, José Francisco de Lima Gonçalves, a redução na taxa de desemprego indica que o mercado de trabalho “deixou de piorar”. Para os especialistas, a queda em relação ao mês de maio foi motivada pelo aumento de 0,8% no pessoal ocupado, aliado a uma estabilidade na População Economicamente Ativa (PEA), que vem refletindo, nos últimos meses, a questão do desalento do trabalhador na procura por emprego em tempos de crise financeira global. Como o noticiário predominante do primeiro semestre retratou o fechamento de vagas especialmente na indústria, este cenário, conforme análise de boa parte do mercado financeiro, freou a busca dos desempregados por vagas no período.

O Banco Fator foi surpreendido pelo resultado, pois aguardava uma taxa de 8,8%, 0,70 ponto percentual mais alta do que a divulgada nesta quinta-feira. A taxa de desemprego dessazonalizada caiu pela primeira vez em três meses, de 8,3% em maio para 8,0% em junho.

Governo desembolsa R$ 9,9 bilhões em seguro-desemprego no primeiro semestre
O governo pagou no primeiro semestre deste ano R$ 9,9 bilhões em benefícios do seguro-desemprego. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, admitiu que o valor é o mais alto, desde 2003, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou o primeiro mandato. Segundo os dados divulgados pelo Ministério do Trabalho, esse volume de recursos permitiu o pagamento de 4,1 milhões de benefícios. O seguro-desemprego é uma das despesas obrigatórias do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), cujas principais receitas são as contribuições empresariais ao PIS/Pasep. Neste primeiro semestre, o FAT fechou com um resultado operacional positivo de R$ 1,7 bilhão - saldo de receitas de R$ 11,9 bilhões e despesas de R$ 10,3 bilhões.

O gasto com o pagamento de seguro-desemprego se elevou neste ano por causa do agravamento da crise financeira mundial a partir setembro do ano passado e do maior número de demissões formais no final do ano passado, que se refletiram em mais concessão de benefícios no início de 2009. Lupi acrescentou que também explica o aumento de gastos com a ampliação do seguro-desemprego em mais duas parcelas para mais de 100 mil trabalhadores. Outro fator que impactou as despesas do seguro foi o aumento real do salário mínimo, já que este é o piso desse benefício. “São investimentos na economia, pois quando se liberam recursos para o trabalhador, ele vai consumir, e isso injeta dinheiro na economia”, afirmou Lupi.

O seguro-desemprego pode ser requerido por todo trabalhador dispensado sem justa causa, por aqueles cujo contrato de trabalho foi suspenso em virtude de participação em curso ou programa de qualificação oferecido pelo empregador; por pescadores profissionais durante o período em que a pesca é proibida devido à procriação das espécies e por trabalhadores resgatados da condição análoga à de escravidão. O valor do seguro-desemprego, atualmente, é de R$ 465,00 (mínimo) e o máximo é de R$ 870,00.

Demissões no Polo Petroquímico geram protestos
Um protesto na manhã desta quinta-feira tumultuou o trânsito na BR-386, nas imediações do Polo Petroquímico de Triunfo. O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Petroquímicas de Triunfo/RS (Sindipolo) fincou dezenas de cruzes no canteiro central da rodovia, para protestar contra demissões que teriam ocorrido no polo desde a incorporação pela Braskem da Copesul, Ipiranga Petroquímica e Petroquímica Triunfo. A manifestação durou cerca de duas horas.


Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Petroquímicas de Triunfo/RS (Sindipolo), o “pedágio do protesto”, como foi denominado o ato, teve o objetivo de chamar a atenção “da sociedade para as demissões sistemáticas que vêm ocorrendo no polo”.

Em nota, a Braskem informou que “a integração dos ativos petroquímicos da Braskem no Rio Grande do Sul, iniciada em 2007 envolvendo a Copesul, Ipiranga Petroquímica e Petroquímica Triunfo teve como uma de suas prioridades a integração de mais de duas mil pessoas”. De acordo com a companhia, foi detectada sobreposição de funções. “Desde 2007, entre pessoas desligadas por iniciativa da empresa e contratações, a diferença é de dez desligamentos. Desde o início do processo de integração, um total de 313 pessoas se desligaram da empresa. Destas, 135 foram por iniciativa da Braskem, e 146 aposentadorias e os demais por iniciativa própria. No mesmo período, foram realizadas 125 admissões”, finaliza a Braskem.






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