O Brasil foi o país do grupo Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) que mais sofreu com a retração de empréstimos e linhas de créditos de bancos estrangeiros em 2009. A constatação é do Banco de Compensações Internacionais (BIS), que aponta que, apesar dos esforços de governos em recuperar as atividades dos bancos e da injeção de liquidez no sistema, US$ 6 trilhões desapareceram das linhas de créditos e empréstimos em doze meses no mundo.
Segundo o BIS, linhas de crédito dos bancos estrangeiros ao Brasil caíram nos três primeiros meses do ano em US$ 13,4 bilhões, o maior tombo entre todos os países do Bric. A boa notícia é que empréstimos a empresas e indústrias no Brasil aumentaram em US$ 790 milhões nesse mesmo período, revertendo a tendência de queda dos meses anteriores e abrindo espaço para uma recuperação da atividade econômica. Grande parte da queda no Brasil ocorreu pelo congelamento do crédito entre bancos.
Entre janeiro e março, os empréstimos feitos por bancos despencaram no mundo em US$ 1,5 trilhão, cerca de 4%. Nesse caso, o BIS também aponta para uma relativa boa notícia: o ritmo da queda foi menor do que nos três meses anteriores, quando a retração foi a maior em 30 anos. Entre outubro e dezembro, a queda havia sido de US$ 1,9 trilhão. Se a variação cambial for descontada, a queda de empréstimos nos primeiros três meses de 2009 foi de US$ 700 bilhões. Em um ano, a queda foi de US$ 3,3 trilhões. Mas, ainda assim, é considerado como preocupante e dando sinais de que o fluxo de empréstimos não foi retomado.
No caso brasileiro, os dados oficiais do BIS mostram uma retração dos empréstimos dos bancos estrangeiros no País. Em dezembro de 2007, o volume de créditos, empréstimos e seguros ao Brasil era de US$ 157,2 bilhões. O volume caiu para US$ 155 bilhões em dezembro de 2008 e para US$ 140 bilhões em março deste ano.
A queda de empréstimos entre bancos no Brasil foi de longe a maior da América Latina, que sofreu uma retração de US$ 22,8 bilhões. A redução na região, porém, foi menor do que o volume registrado no último trimestre de 2008, quando a queda chegou a US$ 45 bilhões. No Chile, os empréstimos já aumentaram em US$ 1,2 bilhão, depois de uma redução de US$ 3,8 bilhões no trimestre anterior. A queda brasileira ainda foi superior à da Rússia, com US$ 12,9 bilhões de redução. A redução na China foi de US$ 11,9 bilhões, contra uma diminuição de US$ 3,5 bilhões na Índia.
O lado positivo é que a queda nos empréstimos para empresas se reverteu em um aumento, ainda que tímido. No último trimestre de 2008, os empréstimos de bancos ao setor privado haviam despencado em US$ 8,9 bilhões. Entra janeiro e março, cresceram em US$ 790 milhões. O valor não é suficiente para recuperar a situação anterior. Mas pelo menos a queda deixou de ocorrer.
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