A tendência a imitar o ritmo tenso e passional do tango se repete na economia argentina. Mais uma vez, o país mergulha na crise, depois de ter suas dificuldades internas agravadas pela retração global e pelo alastramento da gripe A, que provoca perdas no setor de turismo.
Estimativas apontam que a contração do Produto Interno Bruto (PIB) chegará a 5,3%, este ano, interrompendo a média de 8% registrada nos seis anos anteriores.
No Brasil, a situação do vizinho é acompanhada com preocupação e nem a troca de nomes no comando da economia do país, anunciada terça-feira à noite, entusiasmou empresários e analistas. A avaliação geral é que a chegada de Amado Boudou, conhecido por promover a reestatização do sistema de previdência local, não deve amenizar o atrito das negociações no comerciais entre os países.
– Ainda é cedo para dizer se a troca de ministros terá alguma vantagem para o Brasil, mas será difícil piorar o relacionamento – afirma José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação dos Exportadores do Brasil.
O setor privado brasileiro está irritado com o que considera protecionismo argentino. O teor das reclamações aumentou depois de o Brasil ter registrado, entre janeiro e junho, o primeiro déficit comercial semestral (-42%) desde 2003.
Para o ex-ministro brasileiro das Relações Exteriores Luiz Felipe Lampreia, os exportadores nacionais não têm o que celebrar:
– A presidente Cristina Kirchner assumiu um tom desafiador que tende a fazer dos dois anos que restam de seu mandato uma travessia no deserto
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