O primeiro trimestre deste ano foi o pior em termos de produção para o Rio Grande do Sul desde 2002. O Índice Trimestral de Atividade Produtiva (Itap), calculado pela Fundação de Economia e Estatística (FEE), apontou queda de 8,9% nos primeiros três meses de 2009 em relação ao mesmo período do ano anterior. Os três setores econômicos apresentaram retração: indústria (-21,5%), agropecuária (-4,2%) e serviços (-3,7%).
"Embora se deva levar em conta que a base de comparação do ano passado era elevada, os resultados ainda são bastante negativos", alerta Maria Conceição Schettert, economista do Núcleo de Contabilidade Social da FEE. O pior resultado para o período ocorreu em 2005, ano de estiagem, com redução de 5,3% no Itap sobre o primeiro trimestre de 2004.
A pesquisa leva em conta volume de produção e aloca pesos diferentes para cada segmento produtivo. No caso da indústria, a queda foi puxada por alimentos (-8,2%), calçados e artigos de couro (-26,4%), máquinas e equipamentos (-29,1%), produtos químicos (-25,1%) e metalurgia básica (-45%). Apenas três setores industriais apresentaram expansão na produção: bebidas, refino e edição e impressão.
"A indústria de transformação foi o carro-chefe desta queda no primeiro trimestre, o que sugere que a retração nas exportações tem atrapalhado a produção", entende Maria Conceição. As medidas governamentais para estimular a indústria, como a abertura de novas linhas de financiamento e as reduções tributárias, ainda não influenciaram na pesquisa. Seus resultados serão refletidos pelos indicadores do segundo trimestre, acredita a economista da FEE.
Já a agropecuária apresentou seus piores resultados na lavoura (-5,4%), que não foram compensados pelo crescimento da produção animal (3,2%). As quedas mais expressivas foram na produção de milho (-24,1%) e mandioca (-3,6%), enquanto leite (8,7%) e corte de suínos (9,9%) tiveram as maiores altas. A expectativa é de reversão dos números do campo nos próximos meses, levando-se em conta o prognóstico positivo para a safra de trigo.
Já a área de serviços caiu puxada por aluguéis (-7,6%) e comércio (-5,2%). "Tudo indica que chegamos ao fundo do poço neste primeiro trimestre, e agora as expectativas são de que os resultados melhorem", acredita Maria Conceição. Ela lembra que as pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes ao mês de abril apontam recuperação gradativa na economia e retomada na produção industrial e nas vendas.
Embora o Itap seja um indicativo para o cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, a tendência é que os números do segundo semestre sejam melhores que os do primeiro. Isto porque o somatório do PIB envolve setores que não são totalmente cobertos pelo Itap, como construção civil e fornecimento de serviços industriais (gás, energia e água), que estão em expansão.
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