Feira Nacional da Indústria da Moda - Primavera/Verão (Fenim Primavera/Verão), que se encerra nesta sexta-feira em Gramado, foi palco para o lançamento de roupas que levam tecnologia e conceitos de sustentabilidade em sua concepção. Um dos principais destaques foi a linha de camisas feitas à base de fibras de garrafas PET da Cobra D'agua, empresa de moda jovem com sede no Espírito Santo.
Os artigos são fabricados com 50% de fibras extraídas das embalagens de plástico, enquanto os outros 50% são de material orgânico convencional. Cada camisa consome material de duas garrafas PET. "As encomendas têm sido muito positivas, pois todos os lojistas querem ter pelo menos algumas peças com o conceito de sustentabilidade em seus pontos de venda", explica Carlos Marques, gerente geral da empresa. Cerca de 10% de todas as encomendas recebidas pela Cobra D'agua na Fenim são por estes modelos.
O material é comprado de duas malharias brasileiras, pioneiras na utilização de fibras de PET em tecido - Vicunha, de São Paulo, e Dalila, de Santa Catarina. Como o processo de extração ainda é pequeno e as tecnologias são novas, o preço dos lançamentos ainda é 30% superior em relação ao valor das roupas feitas estritamente com material comum. Ainda assim, a Cobra D'agua aposta que haja um decréscimo gradativo nos preços, e os consumidores aceitarão pagar um pouco mais para contribuir com preservação da natureza. "Nas próximas coleções, pretendemos usar fibras de PET também nos jeans e nas bermudas", adianta Marques. Com o aumento da escala de fabricação, a tendência é de que os preços de roupas feitas com materiais sustentáveis se assemelhem aos de peças convencionais. A mineira Artefios, também presente na Fenim, trabalha há três anos com artigos masculinos construídos à base de fibra de bambu.
A cada ano, o aumento de demanda permite que a fabricação destas peças se aproxime em custo das roupas à base de algodão. Hoje, a diferença de preço é de apenas 10%. "Além da questão da sustentabilidade, estas peças são mais confortáveis e macias, o que é muito valorizado pelos homens", explica Rogério Meirelles, diretor da Artefios. Hoje, quase um terço das coleções leva esta tecnologia. A inovação da empresa também está no design: peças sustentáveis também são feitas com estampas diferenciadas, como alto relevo em borracha, e utilizam técnica de confecção com toque zero - no qual não se sentem na pele os detalhes da roupa. "O mercado exige cada vez mais produtos diferenciados, e procuramos nos reunir periodicamente com nossos fornecedores para ver o que há de mais moderno no mercado", explica Meirelles.
Apostas em estampas e design arrojado também é o foco da Beagle, de Blumenau (SC), para crescer. Ricardo Warmling, gerente de vendas da empresa, explica que a estratégia para ganhar mercado tem sido adicionar detalhes às camisas polo masculinas. O nicho vem resultando em vendas crescentes: a empresa deve aumentar em 300% o faturamento neste ano em relação ao anterior.
Feira registra aumento de 20% em visitações
A segunda edição da Fenim Primavera/Verão registrou aumento de 20% no número de visitantes, chegando a 15 mil pessoas. O número de expositores cresceu na mesma proporção, com 260 estandes ocupando dois pavilhões no Serra Park, em Gramado. Para Julio Viana, diretor da Expovest, promotora do evento, os números são satisfatórios.
"Levando em conta o cenário complicado que tivemos no primeiro semestre, especialmente com a ausência do frio, que prejudica os negócios da cadeia, este resultado é positivo", explica. Ele acredita que ainda levará três ou quatro anos para que a feira tenha o mesmo movimento da Fenim Outono/Inverno, realizada tradicionalmente no mês de janeiro, quando o movimento é maior e estão presentes 800 expositores.
A edição para o ano que vem já está confirmada e ocorrerá no mesmo período. Quanto aos planos da Expovest de fazer uma feira de verão no Nordeste do País, Viana explica que o atual momento econômico, entre outros fatores, adiou a ideia por enquanto.
|