queda dos juros básicos da economia reduziu o impacto negativo da redução do esforço fiscal do governo nas contas do setor público consolidado de abril. As contas consolidadas do Tesouro Nacional, Banco Central, Previdência, estados, municípios e estatais mostram que, no mês passado, o gasto com o pagamento de juros foi de R$ 12,2 bilhões, resultado 13,5% menor que o de março e 18% menor do que o de abril de 2008. E, segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (Depec), Altamir Lopes, a carga de juros nos últimos 12 meses encerrados em abril foi de 5,41% do Produto Interno Bruto (PIB), a mais baixa desde maio de 1998, quando a relação era de 5,38% do PIB.
Por conta disso, o setor público registrou em abril superávit nominal de R$ 313 milhões, reflexo de um superávit primário de R$ 12,5 bilhões e gastos com juros de R$ 12,2 bilhões. Mas, por causa da crise financeira e a redução do esforço fiscal, o superávit nominal foi muito menor que o verificado no ano passado: R$ 3,8 bilhões.
Apesar da queda dos juros, o impacto do câmbio pressiona a relação dívida líquida/PIB. A dívida líquida do setor público consolidado somou R$ 1,125 trilhão em abril, 38,4% do PIB. Em março, a relação dívida/PIB tinha ficado em 37,6%, o que, em termos nominais, representava R$ 1,098 trilhão.
Lopes espera que a relação dívida líquida/PIB suba para 39% em maio. Segundo ele, a elevação prevista ocorrerá por conta da valorização de 7,1% da taxa de câmbio - ele considera o dólar a R$ 2,02. Segundo ele, apesar de a valorização cambial ser mais forte do que a verificada em abril, quando foi de quase 6%, a menor elevação da dívida em maio, na comparação com abril, se dará por uma inflação maior, que aumenta o PIB considerado pelo Banco Central, que é o denominador da relação dívida/PIB.
Apesar do impacto negativo da valorização do real na dívida, Altamir destacou que a dinâmica de longo prazo do endividamento público depende mais de uma política fiscal eficiente, como a que tem sido praticada nos últimos anos.
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