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28/05/2009 - Brasil e mais 28 países reclamam de subsídios ao leite nos EUA e UE
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O Brasil e uma coalizão de 28 países acusam americanos e europeus de terem transformado a declaração do G-20, em Londres em abril, em letra morta. Há quase dois meses, o encontro de líderes na capital britânica estipulou que nenhuma medida protecionista seria tomada nos próximos doze meses com a meta de garantir uma retomada do crescimento mundial. Ontem, o tema foi levado à Organização Mundial do Comércio (OMC). Legalmente, nem americanos nem europeus fizeram por enquanto nada de errado. Mas, politicamente, o que os países alertam é que não estão seguindo os compromissos adotados em abril. O ponto que acabou gerando as críticas foi a decisão de Washington e Bruxelas voltarem a dar subsídios às exportações do leite, um setor que estaria sofrendo com a queda dos preços mundiais e levando fazendeiros às ruas dos países ricos.
Em um ano, a queda nos preços já chega a 60%. Para dar uma solução, as duas potências comerciais voltaram a dar subsídios às exportações, o apoio considerado como mais negativo e prejudicial aos interesses dos exportadores dos países emergentes. Isso porque acaba criando vantagens a quem recebe o apoio financeiro e deslocando mercados para os demais. Na avaliação do Brasil, a medida é uma forma de protecionismo.
Para vários governos, portanto, o que está em jogo é exatamente o acordo de não elevar barreiras e adotar medidas protecionistas. "Barak Obama quebrou suas promessas", acusou Doug Chant, representantes dos produtores australianos de leite. Há cinco anos os subsídios não eram dados. Agora, o setor receberá nos Estados Unidos US$ 150 milhões para aumentar sua competitividade.
O embaixador do Brasil na OMC, Roberto Azevedo, alertou que as medidas são preocupantes. Argentina, Austrália, Nova Zelândia, Uruguai e mais de vinte outros países seguiram a mesma crítica levantada pelo Itamaraty no Conselho Geral da OMC. Peter Allgeier, embaixador dos Estados Unidos na entidade, tentou justificar a medida de reintroduzir os subsídios. Segundo ele, Washington adotou a medida para não deixar prejuízos aos produtores americanos diante da decisão de Bruxelas de também reintroduzir a ajuda financeira. Para Washington, portanto, a questão era apenas voltar a dar aos produtores de leite dos Estados Unidos as mesmas condições para competir no mercado internacional.
"Uma guerra de subsídios apenas levará o preço a uma queda ainda maior, adiando a recuperação da economia e fazendo os mais pobres sofrerem", afirmou Peter Grey, embaixador da Austrália. Já a diplomacia europeia explicou que a reintrodução dos subsídios não era uma violação dos compromissos do G-20. Isso porque o programa de apoio já existia antes do acordo entre os chefes de estado. Ele, porém, não estaria sendo usado. O Brasil rejeitou todas as explicações. De um lado, alertou que o comportamento dos Estados Unidos apenas intensificaria a guerra comercial e as medidas de distorção.
Além disso, os produtores de países que não têm condições de dar subsídios simplesmente seriam afetados duplamente: pelos subsídios americanos e europeus. No que se refere à explicação europeia, o Itamaraty também a rejeitou. "Isso significaria que poderíamos então voltar a subir tarifas para taxas que eram aplicadas no passado", explicou Azevedo.






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