estiagem que assola a região Sul do Brasil tem impactado, além da agricultura, a geração de energia elétrica. No entanto, a perspectiva é de que esse cenário comece a se alterar em breve. O coordenador da assessoria técnica da Secretaria Estadual de Infraestrutura e Logística, Edmundo Fernandes da Silva, informa que a previsão é de que em meados de junho aumente o nível dos reservatórios das hidrelétricas.
Até lá, as termelétricas estarão em intensa atividade, destaca Silva. "Essa situação comprova a necessidade de reforçarmos o nosso parque térmico", defende o especialista. Uma das possibilidades para que ocorra essa expansão no Rio Grande do Sul é o projeto da Gás Energy, lembra. A empresa pretende construir uma usina, a ser alimentada com gás natural liquefeito (GNL), em Rio Grande. O complexo terá capacidade para gerar até 1,25 mil MW (cerca de um terço da demanda média de energia do Rio Grande do Sul).
Apesar da segurança que as térmicas dão ao sistema elétrico nacional, a operação onera ainda mais as contas de luz, porque é uma geração mais cara do que a hídrica. O diretor-presidente do Grupo CEEE, Sérgio Camps de Morais, afirma que ainda não é possível prever os reflexos que os recentes despachos das térmicas terão nas tarifas. No entanto, ele admite que, sempre que essas usinas entram em atividade, existem consequências para todos os consumidores. "Não podemos medir ainda os reflexos, pois não sabemos por quanto tempo as térmicas continuarão operando", explica Morais.
A seca que castiga o Sul do País está ajudando a Petrobras a dar destino ao excedente de gás no mercado brasileiro. Com reservatórios vazios e hidrelétricas paralisadas, a região Sul vem recebendo diariamente energia do Sudeste, que teve a geração de energia reforçada pelas térmicas a gás. De acordo com a diretora de gás e energia da Petrobras, Maria das Graças Foster, a utilização das térmicas quintuplicou este mês.
Segundo ela, a geração térmica atingiu a média de 2,5 mil MW médios em maio, contra os 500 MW médios registrados no final de abril. "Em alguns dias tivemos picos de até 3,4 mil MW", comenta a executiva. Para atender ao aumento da geração, a Petrobras ampliou as importações de gás boliviano para 30 milhões de metros cúbicos por dia e deve atingir a capacidade máxima do gasoduto (31 milhões) no mês que vem.
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