As empresas fabricantes de equipamentos e as instituições formadoras de mão-de-obra do setor aeronáutico querem instalar um polo industrial do segmento no Rio Grande do Sul. O primeiro passo da iniciativa será dado amanhã, em uma reunião que será realizada às 9h, na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs). Esse encontro, que reunirá políticos, empresários e agentes da aviação, pretende sensibilizar os governos federal e estadual para a necessidade da implementação do polo aeronáutico. O presidente do Aeroclube de Bagé, Nelson Riet Correa, destaca que a União tem interesse em capacitar mão-de-obra e renovar a frota de treinamento. Isso pode ser uma oportunidade para o Estado.
Ele lembra que a falência da Varig implicou uma grande disponibilidade de trabalhadores no mercado. "O ideal é juntarmos essas pessoas e empresas em um só local e fabricarmos um avião de treinamento nacional", defende Correa. Conforme o dirigente, a meta é realizar algo semelhante ao que ocorre com o complexo automotivo da GM, em Gravataí. Uma das possíveis áreas de implantação do polo é o aeroclube de Eldorado do Sul. O diretor da Faculdade de Ciências Aeronáuticas da Pucrs, Elones Ribeiro, enfatiza que em Belo Horizonte já foi implantado um polo aeronáutico. Ele diz que esse polo está crescendo devido ao apoio do governo mineiro.
"Queremos que o governo gaúcho comece a se movimentar também, porque temos um grande potencial de empresas e universidades", aponta Ribeiro. Ele lembra que o Estado possui até fabricantes de aviões, como a Aeromot. Também há produção de componentes de aviação, aeroclubes e a faculdade de ciências aeronáuticas. Ribeiro acredita que isso pode incentivar a atração de empresas do segmento para o Rio Grande do Sul. O supervisor de produção da Aeromot, Carlos Augusto de Abreu, adianta que a empresa planeja entrar no polo como a fabricante gaúcha de equipamentos para treinamento. Ele explica que o polo envolverá não só a produção de aviões, mas também o ensino de pilotos e de mecânicos, entre outras ações.
Aeromot planeja produzir aeronaves na China
Aproveitando a joint venture que possui com a estatal chinesa Ghizhou, a Aeromot pretende começar a fabricar o avião Ximango na China. O supervisor de produção da Aeromot, Carlos Augusto Ferraz de Abreu, detalha que os kits de peças metálicas sairão do Rio Grande do Sul. Na Ásia, serão trabalhados o acabamento e a montagem final.
A operação deve ser iniciada a partir do segundo semestre deste ano. A joint venture também servirá, no futuro, para aprimorar as aeronaves, expandindo a capacidade de passageiros e outras melhorias. A intenção é de produzir na China de 30 a 50 aeronaves por ano. "É um mercado muito promissor, porque há cinco anos aquele espaço aéreo não era aberto", diz Abreu. Outro fato salientado pelo supervisor de produção da Aeromot é que naquele país ainda há falta de pilotos, o que demandará aeronaves de treinamento.
Abreu argumenta que a perspectiva é de que os Ximangos sejam adquiridos pelo governo chinês e distribuídos para aeroclubes. A China é uma alternativa para amenizar os impactos da crise econômica mundial. Abreu revela que a crise afetou a Aeromot, porque um dos principais mercados do Ximango é o norte-americano. "Estamos buscando também outras opções de negócios, como a venda de versões do Ximango para o patrulhamento aéreo", comenta o executivo. Um dos possíveis clientes desse equipamento é a Secretaria Nacional de Segurança Pública.
Outro mercado avaliado é o do Oriente Médio. A Aeromot está próxima de fechar um contrato com as forças armadas dos Emirados Árabes para fornecer duas aeronaves e três estações de terra. Neste ano, a Aeromot já entregou quatro aeronaves, dois Ximangos e dois Guris.
O Ximango tem um custo médio de US$ 200 mil e o Guri de US$ 220 mil. O Ximango é um motoplanador, com dois lugares para os ocupantes, uma autonomia de sete horas de voo com motor ligado, com velocidade de cruzeiro de 210 Km/h. Já o Guri, que também possui dois lugares, tem autonomia de cinco horas, velocidade de cruzeiro de 160 Km/h e um trem de pouso mais reforçado.
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