crise internacional reduziu o desempenho da gaúcha Kepler Weber no primeiro trimestre do ano. A empresa gaúcha, líder no segmento de silos e equipamentos para secagem e armazenagem de grãos no País, registrou queda de 28% na receita bruta no período, somando R$ 35,9 milhões ante R$ 46,7 milhões do primeiro trimestre do ano passado. As exportações foram as vilãs da retração. A receita com a balança externa, que responde por 30% dos negócios, somou R$ 7,271 milhões, ante R$ 31 milhões do mesmo período de 2008, um recuo de 76%.
O presidente da companhia, dona de 70% do mercado nacional, Anastácio Fernandes Filho, ressaltou que o período registrou o primeiro efeito da desaceleração mundial. "Terminamos 2008 muito bem, mas a retração nas exportações ocorreu justamente no momento em que o mercado interno demanda menos encomendas", avaliou Fernandes Filho. O executivo projetou melhora do quadro de pedidos entre clientes locais nos próximos meses e assegurou que abril confirma a reversão do desaquecimento. A ocupação da capacidade instalada já está em 50%.
A projeção de que a safra atual será a segunda maior da história e a manutenção dos preços agrícolas, com queda de custo de insumos, estão entre fatores que sustentam a sinalização de recuperação. "Estamos viajando pelo País e mercados da América Latina e há muita expectativa sobre negócios. A crise é de grandes proporções no segmento, mas estou convicto de que o futuro será positivo", aposta Fernandes. A restrição de crédito e adiamento de programas de segurança alimentar, patrocinados por países do continente africano e da América Latina, também impactam.
O balanço da empresa apontou ainda lucro bruto de R$ 6,8 milhões, 30% acima do primeiro trimestre de 2008. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) teve resultado negativo em R$ 3,2 milhões, ante os R$ 1,5 milhão positivo. O prejuízo líquido do período ficou em R$ 4,2 milhões, contrapondo o prejuízo de R$ 4,6 milhões do primeiro trimestre de 2008. Já a disponibilidade de caixa da empresa foi apontada como diferencial no ambiente de dificuldades. A companhia soma R$ 60,5 milhões em caixa, pouco menos que os R$ 62,7 milhões do período anterior.
Empresa investe em melhorias nas fábricas
Empresa investe em melhorias nas fábricas
O presidente da Kepler Weber, Anastácio Fernandes Filho, informou que as medidas para enfrentar o impacto da retração de vendas já foram adotadas e agora as unidades localizadas em Panambi, no Estado, e em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, estão sendo preparadas para receber pedidos. A contenção incluiu redução de jornada e posterior demissão de 173 empregados em Panambi. Os meses de junho a agosto concentram historicamente 50% da produção da companhia.
O diretor administrativo-financeiro e de relações com investidores, Nolci Santos, informou que as duas plantas estão passando por especialização, que envolverá investimento de cerca de R$ 5 milhões. "A unidade gaúcha concentrará as linhas de máquinas de limpeza, silos e transportadores, e a de Campo Grande, a de secadores", explica. Com isso, o número de empregados na capital sul-mato-grossense ganhará mais 90 pessoas. Hoje são apenas 30. A planta, em funcionamento desde 2004, opera com 10% da capacidade.
Santos lembrou que a mudança de perfil ajusta a produção à agilidade que a colheita da safra exige. O prazo, que era de até quatro meses, caiu para 45 dias a 60 dias. A decisão de comprar equipamentos é tomada num espaço bem menor. Ações para ampliar a capacidade de armazenagem estão entre os planos. O presidente não quis dar maiores detalhes, mas adiantou, ontem, que a empresa formata junto com a Federação da Agricultura do Estado (Farsul) projeto para aquisição de silos. O pacote pode contar com aporte de recursos de linhas do Bndes.
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