O próximo leilão de biodiesel da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) deverá acontecer ainda no mês de maio. Conforme o superintendente de abastecimento da ANP, Edson Silva, deverão ser leiloados em torno de 380 milhões de litros para serem entregues a partir do terceiro trimestre deste ano.
A ANP aguarda apenas o Ministério de Minas e Energia liberar a resolução do certame para confirmar o evento. A novidade desse leilão é que ele será destinado a atender ao percentual de 4% de adição de biodiesel na fórmula do diesel, que deve ser obrigatório a partir da segunda metade de 2009.
Silva prevê que os produtores gaúchos de biodiesel devem apresentar um bom desempenho, como vem ocorrendo nos últimos leilões. Na disputa mais recente, realizada em fevereiro, as unidades do Rio Grande do Sul - Brasil Ecodiesel, BSBIOS, Granol e Oleoplan - foram responsáveis pela venda de cerca de 106 milhões de litros, em torno de um terço do volume comercializado.
O superintendente esteve ontem, em Porto Alegre, participando do lançamento da primeira rede de cooperação de postos de combustíveis bandeira branca (que compram de mais de uma distribuidora). O nome da rede será Oxi Combustíveis e levará cerca de um ano para implementar a nova identidade visual.
Silva acredita que a iniciativa gaúcha poderá ser usada como exemplo e adotada em outros estados. Segundo ele, a ideia de associar produtores isolados, para que a partir dessa união eles ganhem vantagens nas negociações com os fornecedores e na gestão de negócios, é uma boa medida. O dirigente salienta que os postos de bandeira branca dão uma importante contribuição quanto ao comportamento dos preços dos combustíveis. "Em geral, esses estabelecimentos tendem a puxar os valores para baixo", diz o superintendente da ANP. Ele explica que, por serem postos independentes, essas empresas não têm relação contratual permanente com alguma distribuidora e estão livres para buscarem preços acessíveis no mercado.
Silva aponta que um dos desafios que os postos de bandeira branca enfrentam é trabalhar contra o estigma de que eles são os revendedores que apresentam os maiores índices de irregularidade. De acordo com pesquisa da ANP, com dados de 2004, do combustível adulterado, 46% do volume eram provenientes dos postos independentes e o restante dos estabelecimentos de bandeira. Os postos de bandeira branca compõem 48% dos revendedores atuando no Brasil, já no Rio Grande do Sul esse percentual cai para 17%.
O superintendente de Abastecimento da ANP argumenta que existe hoje um fenômeno de ajuste do market share de combustíveis no País com a compra da Esso, pela Cosan, e da Texaco, pelo Grupo Ultra (Ipiranga). Ele diz que é possível que essa reconcentração leve os postos independentes a migrarem para alguma bandeira. Silva também aproveitou o evento de ontem para apresentar dados sobre o consumo de combustíveis.
No primeiro trimestre, comparado ao mesmo período de 2008, o consumo de combustíveis em geral, no Brasil, caiu 1%. O diesel teve queda de cerca de 6%, a gasolina C de 0,1% e o GLP de cerca de 5%. A média da queda não foi maior, porque o consumo de álcool hidratado continuou crescendo: em torno de 25%.
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