O Brasil ainda precisa investir no desenvolvimento do empreendedorismo, principalmente entre os doutores e estudantes de pós-graduação, transformando as ideias e os resultados de suas pesquisas em negócios. Essa é uma das constatações do 1º Laboratório Brasil-Estados Unidos de Aprendizagem em Inovação 2009, que encerra-se hoje, em Porto Alegre. Além disso, os participantes do encontro destacaram a necessidade da inclusão do empreendedorismo na educação básica.
Segundo o vice-presidente do Centro das Indústrias do Rio Grande do Sul (Ciergs) Ricardo Felizzola, o País investiu muito em formação nos últimos anos: hoje tem pelo menos 30 mil doutores em atividade e a perspectiva é de que, em breve, outros 50 mil concluam sua formação. "Mesmo assim, a maioria deles não possui uma visão ampla, mas pelo contrário, são muito especializados, o que não privilegia o empreendedorismo", constata. Por isso, o presidente do Movimento Brasil Competitivo (MBC), Claudio Gastal, defende que é preciso criar mecanismos para potencializar o aproveitamento das pesquisas em empreendimentos rentáveis.
Nesse sentido, o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Reginaldo Arcuri, defende a elaboração de currículos focados na possibilidade de que as pessoas sejam preparadas não só para absorver o já existente, mas para produzir inovação. "É preciso fazer com que o conhecimento possa ser compartilhado para se detectar onde se pode produzir coisas novas, com mercados novos e que respondam a necessidades novas. Apenas produzir não é suficiente, é preciso produzir com processos mais avançados, que respondam às necessidades e tenham custos menores."
O evento que acontece na Capital gaúcha é o primeiro de uma série de seis encontros que serão realizados ao longo do ano - metade no Brasil e o restante nos Estados Unidos - em preparação à 2ª Conferência sobre Inovação Brasil - Estados Unidos, prevista para ocorrer no segundo semestre de 2010, em Washington, organizada pela ABDI, pelo MBC e pelo Conselho de Competitividade dos EUA (CoC). "Os Estados Unidos têm uma cultura de inovação bem maior que nós e precisamos aprender a fazer com que esse tema entre em nossa agenda", diz Gastal, do MBC. O objetivo é chegar à conferência norte-americana já com ações concretas entre os dois países.