O índice de consumidores que não pretendem comprar no segundo trimestre de 2009 ficou em 27,6% contra os 33,4% apurados de janeiro a março. Os dados foram divulgados ontem, na capital paulista, pelo Programa de Administração do Varejo (Provar) e pela Fundação Instituto de Administração (FIA), responsáveis pela pesquisa. Foram entrevistados 500 consumidores de dez categorias de bens duráveis e semiduráveis.
O interesse pelo consumo no segundo trimestre deste ano, no entanto, está menor do que estava no mesmo período do ano passado. De acordo com a pesquisa, 63,2% dos consumidores consultados pretendem adquirir bens, entre abril e junho de 2009. Nos mesmos meses, em 2008, esse índice era de 72,4%. Entre as categorias avaliadas, os itens de informática lideram com 15% das intenções de compra ante os 9% do trimestre anterior e 11,2% no segundo trimestre de 2008.
Em seguida, vêm os produtos da linha branca, com 12,8% das intenções, quando no trimestre anterior eram 10,6% e nos três primeiros meses de 2008, 8,6%. O segmento de foto e cine teve 12,4% das intenções de compra contra os 13,6% registrados nos três primeiros meses do ano e 11,8%, no primeiro trimestre de 2008. Com relação à expectativa de gastos, os automóveis apresentaram queda de 28,9%, já que no primeiro trimestre os consumidores pensavam em gastar em média R$ 22 mil e, no segundo trimestre, cerca de R$ 16 mil. No segundo trimestre de 2008, a intenção era de gastar R$ 22 mil.
Com os eletroportáteis, os consumidores pretendem gastar R$ 183,00. No trimestre anterior, eles pretendiam gastar R$ 248,00 e, no segundo trimestre do ano passado, a intenção era de gastar R$ 299,00. Já os eletroeletrônicos tiveram aumento de 50% na intenção de gastos. Nesse caso, o consumidor respondeu que pensa gastar R$ 1.126,00 no segundo trimestre de 2009, contra R$ 810,00 no trimestre anterior. No segundo trimestre do ano passado, a intenção era de gastar R$ 747,00 com este item.
Segundo a pesquisa, os consumidores que pretendem fazer empréstimo para comprar produtos da linha branca, no segundo trimestre de 2009, são 75% contra 77% do trimestre anterior. No segundo trimestre de 2008, o índice registrado foi de 79,1%.
No caso dos móveis, 72% pretendem comprar contando com o crédito. No trimestre anterior, eram 78% e, no segundo trimestre de 2008, 90,6%. Já o interesse na compra de eletroeletrônicos, com uso de linhas de crédito, é de 65,3% dos consumidores no segundo trimestre. No primeiro trimestre, essa intenção era de 58,8% e no segundo trimestre do ano passado, foi de 61,85%. De acordo com o presidente do Conselho do Provar, Claudio Felisoni de Angelo, é importante lembrar que, ao mesmo tempo em que o consumidor pretende comprar mais, quer também economizar, aproveitando-se do ambiente de deflação, principalmente dos eletroeletrônicos. O resultado geral não é tão bom assim. Na verdade, o consumidor está à procura das promoções e exatamente por isso que as redes varejistas continuam com as promoções.
Segundo Felisoni, o consumidor leva em conta no planejamento do consumo as seguintes condições: renda, disponibilidade de crédito, taxa de juros, prazo médio de pagamento. Segundo ele, o consumidor ainda é muito mais sensível aos aumentos de renda do que à disponibilidade de crédito. O crédito, ressaltou, ainda é concedido a uma taxa de juros muito alta. Embora os prazos médios sejam longos, o endividamento é grande e o espaço para mais consumo em função de uma disponibilidade maior de crédito é menor do que se tiver um aumento de renda. Como a renda ainda não foi afetada pela crise, os impactos sobre o consumo ainda não foram sentidos com tanta intensidade.
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