O tema foi tratado ontem, na primeira visita do novo diretor do Bird no Brasil, Makhtar Diop, a Porto Alegre, na qual foram apresentados os resultados das ações implementadas desde o acordo de assessoria técnica entre o governo gaúcho e o banco.
"A parceria entre o Estado e o Bird é boa porque melhora o ganho fiscal do Estado", disse Diop após o almoço com os integrantes do Executivo gaúcho no Palácio Piratini e antes de embarcar de volta para Brasília. Caso obtenha a antecipação, o Estado deverá quitar dívidas e com isso obter uma pequena sobra no caixa que poderá auxiliar a reduzir o impacto da diminuição da arrecadação em função da crise internacional, projeta o secretário da Fazenda, Ricardo Englert.
O técnico do Bird e gerente do programa RS Sustentabilidade Fiscal, Fernando Blanco, ressaltou que todos os compromissos assumidos pelo governo gaúcho com o banco estão em curso e que é possível que a liberação da segunda parcela ocorra antes da data prevista inicialmente, em março de 2010, mas disse que não há uma data prevista no contrato para o desembolso, cuja realização depende exclusivamente do andamento das ações determinadas no documento assinado em setembro do ano passado. "Conforme vai implementando as reformas, o Estado tem condições de solicitar a segunda parcela", afirmou. Segundo Blanco, os aspectos fiscais do Estado estão sólidos, o que torna, inclusive, o Rio Grande do Sul melhor preparado para enfrentar a crise.
Nos próximos dois meses, o governo espera encaminhar para a Assembleia Legislativa o projeto de lei sobre a reestruturação das carreiras dos servidores públicos, que prevê, entre outros pontos, mudanças na avaliação e na progressão dos funcionários. O tema é polêmico e enfrenta resistência dos sindicatos. Para conhecer a opinião da população sobre a reforma, o governo pretende realizar um tipo de consulta pública pela internet. Já a proposta previdenciária está tramitando desde o ano passado no Legislativo e prevê a consolidação do gestor único.
Já com relação a um novo empréstimo pleiteado pelo governo gaúcho para investimentos em infraestrutura, Blanco disse que a operação pode ser avaliada oportunamente.


Diretor quer voltar ao Rio Grande do Sul para conhecer municípios do Interior

Na primeira passagem pelo Rio Grande do Sul desde que assumiu a diretoria do Banco Mundial no Brasil em janeiro, o senegalês Makhtar Diop definiu essa viagem como uma oportunidade para aprender sobre a economia do Rio Grande do Sul. Ainda se inteirando a respeito dos projetos com os quais a instituição está envolvida no País, o economista fez um rápido comentário sobre a parceria entre o governo gaúcho e o banco e justificou suas poucas palavras ao aprendizado recente do português. "Em uma próxima visita pretendo conhecer também o Interior do Estado para compreender melhor a realidade do Rio Grande do Sul", anunciou. Além do contrato com o governo gaúcho, o Bird possui parcerias com as prefeituras de Rio Grande, Pelotas, Bagé, Uruguaiana e Santa Maria.
Diop já havia manifestado essa intenção aos prefeitos dessas cidades durante um encontro de quase duas horas na sede da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs). O diretor considerou importante sair das capitais para "sentir a realidade do Brasil".
Os cinco prefeitos se reuniram com o representante do Bird para tratar da tramitação de recursos para investimentos em infraestrutura e implantação de parques tecnológicos. Pelotas e Bagé já estão recebendo aportes do banco. Diop reagiu positivamente ao saber que um dos focos é a área de tecnologia. "É importante para a diversidade da economia regional", ressaltou o dirigente, PhD em Economia. Ao cogitar a visita às regiões, o prefeito de Pelotas, Fetter Junior, sugeriu dois calendários - maio, que tem evento ligado a orizicultura, e junho, data da festa do doce. "Como sou senegalês, o arroz é muito importante", comentou Diop, aos risos.
O prefeito de Uruguaiana, Sanchotene Felice, pediu apoio do Bird para a liberação do contrato. A autorização para firmar a parceria com o banco depende apenas de aval do Ministério da Fazenda. O diretor da instituição informou que terá encontro esta semana com o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, e se comprometeu a citar o contrato e solicitar a liberação. Só faltaria a assinatura do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Já Santa Maria e Rio Grande dependem ainda de liberação do Senado.
O encontro serviu para mostrar as ações que serão possíveis com os recursos, com contrapartida dos municípios. A coordenadora do programa em Bagé, Estefania Damboriarena, disse que o contato com o diretor da instituição é importante para mostrar efeitos das ações e abrir possibilidade de pedido de mais aporte. Makhtar Diop antecipou que está organizando encontro que poderá contar com o representante do Bird para o Uruguai, a Argentina e o Paraguai. Ele disse que consultaria a governadora Yeda Crusius, ontem, sobre sua visão do uso de tecnologia e inovação para a integração na região, posição defendida pelos prefeitos.