ano de 2009 tem sido movimentado para o Sicredi. A cooperativa de crédito formaliza hoje a criação da holding Sicredi Participações, uma sociedade anônima que cuidará da administração dos recursos e da tomada de decisões estratégicas da companhia. Atualmente, as 130 cooperativas filiadas possuem recursos e ações separados em bancos. Com a mudança, estes recursos passarão para a Sicredi Participações, que será responsável por sua gestão.
Na prática, isso significa que o balanço do Sicredi apresentará recursos financeiros concentrados e maiores, facilitando a obtenção de melhor rating junto a instituições internacionais. Com isso, poderá contratar capital com juros menores e inferiores exigências de capital próprio. Hoje, praticamente todo o recurso captado pela instituição vem de linhas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes).
A formalização da Sicredi Participações envolve votação de associados e terá seis assembleias para eleger membros do conselho de administração e da diretoria. "As cooperativas continuarão tendo o seu capital nos bancos, mas através da Sicredi Participações", explica Manfred Alfonso Dasenbrock, presidente do conselho de administração da nova holding. A mudança também vai possibilitar que as cooperativas com menor capital possam acessar crédito com juros menores.
"Esta mudança possibilita que, mais adiante, façamos emissões de títulos de longo prazo, o que só é possível com uma boa gestão e um bom balanço", diz Dasenbrock. O modelo vinha sendo estudado desde 2008 e já está implementado. Após a formalização, será encaminhado para a aprovação do Banco Central. Difundida na Europa, o executivo afirma que esta formatação de negócios em cooperativas é inovadora na América Latina.
A mudança no organograma e o resultado destas alterações serão fundamentais para acelerar os negócios da cooperativa neste ano. A expectativa é de aumentar em 12% as operações de crédito rural em 2009 sobre o ano anterior, chegando a R$ 3,5 bilhões. Em geral, as operações de crédito crescerão 19%, chegando a R$ 9,2 bilhões. "Temos uma demanda crescente por crédito, especialmente por que há dificuldade de obtenção de recursos em outras instituições financeiras", explica Ademar Schardong, presidente-executivo do Sicredi.
O patrimônio líquido deve crescer 30% neste ano, chegando a R$ 2,4 bilhões, enquanto a projeção para os ativos totais é de um incremento de 34%, somando R$ 17,3 bilhões. A instituição também pretende ampliar em 20% o número de associados, chegando a 1,7 milhão de pessoas. "Os números são positivos, mas seriam maiores se não fosse a crise financeira internacional", observa Schardong. Neste ano, a média geral de crescimento do Sicredi deve ficar em 23%, diante de 28% de alta em 2008.
Outra fonte de recursos para ampliar o crédito do Sicredi é investir na disseminação da poupança. A cooperativa tem feito uma forte campanha para estimular as captações e espera crescer 95% neste indicador em 2009, alcançando R$ 1,4 bilhão. Uma novidade para o segundo semestre deste ano será a entrada no segmento de consórcio de imóveis. A projeção é de R$ 150 milhões movimentados através de 1,5 mil cotas.