Alves destaca o interesse da Petrobras em incrementar o conteúdo nacional em suas encomendas. "Mas, para isso, é preciso aumentar a capacidade instalada e ter novos fornecedores para ter menores preços e mais opções", disse. A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) é uma das entidades que defende a maior participação das empresas brasileiras nos negócios da Petrobras.
O diretor-executivo da área de Petróleo, Gás, Bioenergia e Petroquímica da Abimaq, Alberto Machado Neto, acredita que várias companhias nacionais apresentem hoje condições de atender a uma boa parte das necessidades da Petrobras. Ele argumenta que é fundamental demonstrar a capacidade de geração de empregos da cadeia produtiva do setor do petróleo. Outro ponto salientado por Neto é que quando a Petrobras realiza compras no País, ela gera demanda para si própria. Isso porque a estatal também atua como fornecedora da cadeia produtiva abastecendo-a com insumos como óleo e gás natural, entre outros.
Atualmente, a Petrobras representa entre 75% e 80% dos investimentos do setor do petróleo no Brasil. E as empresas gaúchas estão demonstrando interesse neste mercado. O vice-presidente da Abimaq/RS, Marcus Coester, lembra que um dos empecilhos para entrar neste segmento é que ainda existe uma certa burocracia no processo de cadastramento de fornecedores da Petrobras. Para facilitar o cadastramento, a estatal costuma instalar escritórios regionais temporários em diversas cidades.
A companhia desloca um grupo de profissionais para tratar com empresas que querem se tornar fornecedoras. Coester revela que uma dessas unidades deve ser implantada no Rio Grande do Sul nos próximos 60 dias. O grupo, possivelmente, fará suas reuniões na Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs).
Coester, Alves e Neto participaram nesta quinta-feira da 7ª edição do Almoço de Negócios, realizada pela Abimaq, no Complexo Fiergs, em Porto Alegre. Também esteve no evento o economista da Fiergs Igor Morais. Ele comentou sobre algumas projeções para este ano. Entre elas, a expectativa de que a taxa de crescimento de PIB no mundo será negativa de 0,6%, enquanto para o Brasil espera-se um crescimento de 0,59%.
Um fato negativo ressaltado por Moraes é que as consultas ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) têm diminuído fortemente desde setembro do ano passado. Em fevereiro deste ano, em relação ao mesmo mês de 2008, houve uma queda de 62%. Para Morais, um dos primeiros sinais de recuperação será emitido a partir da confiança dos consumidores. Este indicador revela aspectos importantes relacionados ao comportamento do mercado de trabalho, de crédito e de consumo.
Consumo de gás natural no País cai 34,5% em fevereiro
Os preços elevados e a crise econômica internacional continuam a reduzir o consumo de gás natural no Brasil. Segundo a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), as vendas do insumo recuaram 34,5% em fevereiro deste ano em relação ao mesmo mês do passado, de 51 milhões para 33,4 milhões de metros cúbicos por dia. Excluindo as termelétricas, a demanda agregada de gás das outras classes consumidoras (indústrias, residências, comércio, cogeração e automotivo) recuou 21,45% no período, de 35,7 milhões para 28,1 milhões de metros cúbicos por dia.
O forte recuo está relacionado à retração da demanda dos maiores consumidores de gás do País: no segmento industrial, as vendas de gás caíram 27,7%, refletindo a queda de produção de diversos setores da economia; já a retração no consumo termelétrico foi de 65,1%. Com a redução da atividade econômica e o período de chuvas que encheu os reservatórios das hidrelétricas, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) diminuiu o uso das usinas térmicas, reduzindo a necessidade de gás natural para a geração de eletricidade.
A demanda de gás natural veicular (GNV) caiu 9,6%, refletindo os aumentos de preços do produto nos últimos meses e a forte concorrência com o álcool (mais barato) nos postos de combustíveis. O consumo dos clientes comerciais também registrou uma pequena queda de 2,93% no período. Apenas as vendas de gás natural para o segmento residencial cresceram. Em fevereiro de 2009, o consumo dessa classe subiu 1,5% ante fevereiro do ano passado.
Câmara aprova criação de fundo que financia usinas hidrelétricas
Em meio a muita polêmica em torno de uma flexibilização na licitação para obras no setor elétrico, a Câmara aprovou a medida provisória (MP) que cria o Fundo de Garantia e Empreendimentos de Energia Elétrica (FGEE) para financiar a construção de usinas hidrelétricas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O artigo que pode determinar mudança na licitação foi incluído pelo relator da MP, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com o apoio do governo. O líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), afirmou que o item foi um pedido "explícito" do Ministério de Minas e Energia.
O projeto aprovado estabelece que a Eletrobrás e suas concessionárias poderão adotar procedimento simplificado de licitação, a ser definido em decreto pelo presidente da República, para a aquisição de bens e serviços para a construção de hidrelétricas.
O relator fez outras alterações, aumentando a abrangência da MP. A medida original permite a participação da União apenas para as hidrelétricas incluídas no PAC. Cunha incluiu a possibilidade de o fundo prestar garantias ao financiamento da construção de usinas hidrelétricas estaduais. Além disso, permite também essa garantia para empreendimentos de exploração da produção ou transmissão de energia elétrica no exterior. Em outro ponto, o relator permite que a União repasse ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) recursos do Banco Mundial em até US$ 2 bilhões.
Etanol perde competitividade sem repasse de queda de preço na bomba
Enquanto os preços do etanol ao produtor no estado de São Paulo caíram cerca de 11% apenas no mês de março, a cotação do combustível nos postos tem se mantido estável. "As distribuidoras não estão repassando a queda de preço registrada ao produtor. Na semana passada, a média de preço foi de R$ 1,33 nos postos de combustíveis, quando deveria ser em torno de R$ 1,20 por litro", explica Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).
Segundo Pádua, a queda dos preços ao produtor está fazendo com que as margens das distribuidoras aumentem consideravelmente neste momento. Ele afirma, contudo, que em São Paulo esta manutenção da cotação na bomba dos postos não é nociva porque, mesmo nos atuais preços, o etanol permanece bastante competitivo em relação à gasolina, o que não prejudica o consumo de etanol.
Porém, em outros estados, onde o repasse da queda do preço ao produtor também não está sendo realizado, o etanol está perdendo competitividade. "Se nestes estados as distribuidoras repassassem a queda do preço ao produtor para a bomba, certamente o consumo seria maior e não estaríamos vendo este excesso de oferta derrubando as cotações ao produtor", disse o diretor da Unica.
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