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17/03/2009 - Lula assegura que Brasil vai crescer em 2009
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Em encontro para investidores e analistas reunidos ontem no hotel Plaza, em Nova Iorque, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus principais ministros não se deixaram abater pelas notícias internacionais de aprofundamento da crise econômica e afirmaram que o Brasil não passará por uma recessão, será um dos primeiros países do mundo a sair da crise e sua economia ainda crescerá este ano.
Segundo a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, os indicadores do governo mostram que a recuperação deverá começar já agora no segundo semestre. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, por sua vez, afirmou que a queda nos empregos nos últimos meses não comprometerá o crescimento no volume da mão-de-obra empregada estimado para este ano. Em 2009, previu, o emprego crescerá 20%. "Nas crises do México, da Rússia e dos países asiáticos, menos graves que a atual, o Brasil quebrou em poucos dias. Foi obrigado a pedir socorro ao FMI. Desta vez, o Brasil não quebrou, nem vai quebrar. Cresceremos em 2009 menos do que gostaríamos, menos do que poderíamos se não fosse a crise externa, Mas, estejam certos, vamos crescer", disse Lula. Ele garantiu que não cortará os investimentos sociais e em infraestrutura: "E não vamos nos apequenar diante da crise. Não cortei nem cortarei um centavo do gasto social, nem das obras de infraestrutura. Vamos continuar estimulando de forma responsável o consumo dos brasileiros."
Os ministros e assessores passaram a tarde de ontem no Fórum patrocinado pelos jornais Valor Econômico e The Wall Street Journal preocupados em mostrar que, ou a crise não afetou o Brasil na mesma magnitude que afetou outros países, ou que o País já começa a exibir sinais de recuperação.
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou que o volume de crédito às exportações brasileiras alcançou, em fevereiro, 95% do patamar do crédito no início do agravamento da crise, em outubro de 2008. E que apesar de o País ter gasto US$ 14,5 bilhões das reservas internacionais, o volume total continua ao redor dos US$ 200 bilhões graças à valorização das aplicações feitas com as reservas.
Guido Mantega lembrou que as reservas em depósitos compulsórios no BC somam R$ 160 bilhões e o atual patamar das taxas de juros, ainda elevados, servem de instrumentos adicionais de política monetária para ajudar o crescimento econômico. Ele afirmou que a queda na venda de carros em janeiro deste ano, em comparação com janeiro de 2008, foi de 8,1%, enquanto as quedas nas vendas da indústria automobilística na maioria dos países oscilaram entre 20% e 40%.
"A economia brasileira vai reagir ainda este ano ainda porque estamos preparados. Temos um mercado interno robusto que responde por boa parte do crescimento da economia e porque temos o PAC, que vai garantir investimentos públicos", disse o assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia. "Já detectamos uma recuperação no mercado interno de combustíveis", afirmou o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli.
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, acrescentou que o governo projeta crescimento já no segundo trimestre do ano e que o País fechará 2009 com alta no emprego. Segundo ela, o PAC será um dos grandes responsáveis por esta recuperação. "O País mantém a previsão de investimentos não apenas no PAC, mas em outros programas, nos próximos anos. Isto significa a injeção de US$ 567 bilhões na economia de 2009 a 2012."


Presidente defende mais ousadia para reunião do G-20 em Londres

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu ontem que a reunião do G-20 tem de ser decisiva. Lula afirmou que "o momento é propício para que sejamos mais ousados" e, acrescentou que sabe da gravidade da crise. A próxima reunião de cúpula do G-20 acontece em abril, em Londres.
Segundo o presidente brasileiro, um problema crucial para a economia mundial é a falta do crédito. De acordo com ele, a estatização ou nacionalização de bancos seria uma saída também para os EUA. "Mas sei que essa sugestão é como se fosse um palavrão", disse. Outra alternativa, segundo Lula, seria o Estado assumir a responsabilidade de criar bancos públicos, como os que existem no Brasil.
A questão, continuou Lula, é que "o dinheiro que sai (dos Estados indo para os bancos) tem ido para os EUA para a compra de títulos. É dinheiro que tem saído do mercado, tem dificultado o crédito", afirmou. De acordo com o presidente, o que for feito tem de ter foco em fazer o dinheiro voltar para o mercado em forma de crédito. "Quando digo que rezo mais para o Obama do que para mim é que, na verdade, o problema dele é, infinitamente muito maior do que o de outros países".
Durante encontro com o presidente norte-americano, no sábado passado, o presidente Lula disse para Barack Obama prever qual papel irá assumir no G-20, uma vez que esta reunião tem de ser decisiva. "Não temos tempo e o povo não pode esperar. Pode ser a reunião mais dura, com mais divergência, mas temos de tomar decisão", salientou. O presidente afirmou que é necessário estabelecer formas para que o Fundo Monetário Internacional (FMI) ajude a restabelecer o fluxo de capital para os emergentes e, também, para que o Banco Mundial continue ajudando os países mais pobres do mundo, apesar da crise.
Sobre protecionismo, Lula reconhece que é "correto que cada país esteja preocupado em resolver seu próprio problema", mas disse que tem escutado discursos protecionistas. "Protecionismo é um equívoco. Por isso, continuo defendendo a Rodada de Doha, precisamos de mais fluxo de produtos entre os países". Lula falou que vê a questão de regulação como prioridade. "Vou chegar no G-20 com a convicção de que precisamos fixar uma regulação. Temos de estabelecer até quanto um banco pode se alavancar para que não se repita o que aconteceu aqui, nos Estados Unidos", salientou.


Morgan Stanley projeta queda de 4,5% para PIB brasileiro

O banco Morgan Stanley surpreendeu o mercado - e irritou o presidente Lula - ao divulgar um relatório que prevê uma forte queda do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2009. Antes, a instituição projetava estagnação para o País. Agora, vê um recuo de 4,5%. "O número reflete uma economia muito mais fraca na virada do ano e nossas preocupações são de que o cenário global deve se mostrar ainda pior do que antecipamos", afirma o texto, assinado pela equipe de analistas na América Latina.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, em Nova Iorque, o relatório do Morgan Stanley. "Estes bancos não acertaram na situação deles. Quanto mais na situação do Brasil", afirmou, durante entrevista coletiva.
O economista-chefe no Brasil é Marcelo Carvalho. A assessoria do executivo informou que ele não poderia dar entrevistas. Carvalho também revisou a previsão para a taxa básica de juros (Selic) para o fim do ano - de 11,75% para 8,25% ao ano. O analista acredita que, passado o pior da crise, o Banco Central voltará a elevar a Selic em algum momento de 2010. Nas contas dele, a taxa deve subir para 10%. Carvalho acredita que o dólar avançará ainda mais ante o real - sua expectativa é de uma cotação de R$ 2,80/dólar no fim do ano.






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