Em tempos de crise, não são somente as empresas que estão reavaliando seus custos a fim de sobreviver às turbulências do mercado. De olho no aumento dos preços e na falta de crédito, são os consumidores que agora estão se planejando financeiramente para enfrentar as condições mais adversas. Seja com redução dos gastos, pesquisa de preços ou até mesmo privação de alguns produtos mais caros, a população em geral tem pensado mais em onde coloca o seu dinheiro. É diante deste cenário que se comemora, neste domingo, o Dia do Consumidor.
De acordo com a publicitária e especialista em comportamento do consumidor Rita Almeida, a crise fez com que as pessoas revissem suas prioridades, fazendo com que também repensassem seus valores pessoais. "Houve uma priorização das coisas. As pessoas estão pensando no que é importante para elas", afirma. "Você faz uma conta e vê quanto é importante a alimentação para a família: é muito importante, então não vou mexer", exemplifica ela.
Nos últimos meses, com o agravamento da crise no Brasil, Rita acredita que houve uma mudança radical no comportamento do consumidor, que prefere atualmente poupar ao invés de investir em seu conforto. "No ano passado, as pessoas tinham uma lista de produtos que queriam comprar e acreditavam que iam comprar. Hoje elas já têm mais parcimônia e estão preocupadas em guardar o seu dinheiro e não adquirir dívidas nos próximos meses", observa. Conforme a coordenadora-executiva do Procon/RS, Adriana Fagundes Burger, neste momento de dificuldades é importante não se atrelar a dívidas desnecessárias. "Os consumidores devem estar atentos a um consumo sustentável, para não se endividarem", afirma.
Para a especialista em consumo Rita Almeida, ainda é cedo para prever alguma mudança comportamental do consumidor em um futuro próximo. "Acredito que o futuro vai depender do movimento da economia, de quanto a economia brasileira irá aumentar", analisa. Para ela, a população deverá se manter resguardada até que haja novamente as mesmas garantias financeiras que haviam antes de sermos atingidos pela crise. "Até sentir que a economia está estável, esse processo deverá se manter. É preciso se esperar uma nova certeza para haver uma mudança de comportamento do consumidor", considera.