A venda de combustíveis também pelos supermercados, o que acirra ainda mais a concorrência, tem gerado reclamação por parte dos proprietários de postos. Eles argumentam que os estabelecimentos praticam preços inferiores à média do mercado - pela compra em larga escala - o que garante bons descontos junto aos distribuidores.
"Os supermercados pressionam os preços para baixo, até porque podem compensar a lucratividade com outros produtos", protesta João Marques, proprietário do posto Firense, localizado na rua Santana, em Porto Alegre. O valor do litro da gasolina nos supermercados chega a ser R$ 0,05 mais baixo do que a média, observa o presidente em exercício do Sindicato dos Revendedores de Combustíveis no Estado (Sulpetro/RS), Adão Oliveira.
Marques argumenta que não pode baixar os preços a ponto de concorrer com os postos instalados em supermercados, uma vez que tem apenas na venda de óleos e lubrificantes a sua receita. "A margem é muito apertada. Se o supermercado baixa demais o preço do combustível, nós não vendemos", preocupa-se.
Os preços mais competitivos praticados nas unidades com bandeiras de varejistas possibilitam um volume de vendas bastante superior em relação às demais. Oliveira calcula que a média mensal de venda de uma unidade em supermercado seja de 600 mil litros ao mês, enquanto um posto convencional comercializa um terço deste montante no período.
"Esses comerciantes também são beneficiados pela grande circulação de clientes pelos supermercados, que aproveitam o momento de compras para abastecer", observa. Mesmo quando estão fora do terreno dos grandes varejistas, postos que levam sua bandeira obtêm vantagem por contarem com gerência única, que negocia em massa preços e pode compensar a redução de valores de um posto com outro, repartindo lucros e prejuízos.
"É diferente do que acontece com os postos convencionais, que, embora tenham a mesma bandeira, contam com gerências independentes", argumenta Marques.
Um fator que preocupa o setor é a chance de os supermercados reduzirem ainda mais o preço do litro através da compensação de créditos de ICMS, possibilitado pela venda volumosa de produtos. A prática possibilitaria uma desoneração de R$ 0,64 por litro da gasolina.
O Carrefour, única rede supermercadista com postos de marca própria no Rio Grande do Sul, esclarece que "nenhum dos postos de combustíveis da rede pratica compensação tributária" - fato que é confirmado pela Sulpetro/RS e pela Receita do Estado. Em comunicado oficial, a rede argumenta que oferece preços competitivos aos seus clientes por conta das grandes negociações que faz junto aos seus fornecedores.
O Carrefour adquiriu cinco postos da Esso na Capital em 2006, quando ingressou no setor no Estado. Hoje, são oito unidades em território gaúcho, sendo três dentro de supermercados.
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