5/2/2009
A taxa básica de juros foi cortada. Talvez não no tamanho que a maioria desejava, mas dentro do possível e com o Comitê de Política Monetária, Copom, se resguardando para um novo corte em março, se a situação socioeconômica não apresentar melhoras. O desemprego é a maior dúvida e o grande sobressalto que assola o País, após anos em que o emprego formal se expandiu em índices muito bons. A bolha de consumo irracional, que um dia iria acabar, estourou no colo da maioria dos países, aí sendo incluído, involuntariamente, o nosso Brasil. Estávamos bem, com o Produto Interno Bruto (PIB) crescendo de forma consistente. Os efeitos da crise de crédito e de confiança que liquidou com a economia dos Estados Unidos da América e que se apresenta como o primeiro e principal desafio de Barack Obama chegaram ao Brasil. Primeiro pela queda das exportações, depois pela fuga de capitais da Bovespa, finalmente com a desaceleração da produção industrial. O que retardou o pior foi o mercado interno e o crédito que, entre nós, ainda está em um baixo percentual do PIB, na comparação com os demais países. Ao lado das potências, principalmente dos EUA, então, é uma distância abissal, eis que comprometemos algo em torno dos 35% do PIB contra mais de 130% dos Estados Unidos.
Portanto e com motivos preocupantes, para as centrais sindicais, o empresariado e o governo como o grande mediador e fiel das negociações o momento é de diálogo, prudência e negociações. O velho e surrado ditado é mais do que válido, sendo preferível perder os anéis do que os dedos, no caso o emprego formal. Cortar horas extras, dar férias coletivas, diminuir vantagens e evitar demissões é o ideal para ambas as partes. Afinal, para as empresas preparar e formar um bom empregado custa caro e até repor esse servidor a despesa será maior do que uma eventual economia pela dispensa. As negociações devem imperar e as pequenas e médias empresas ser fortalecidas, pois são elas as grandes empregadoras, ao contrário do que muitos pensam. Aliás, com a crise, tudo indica que as gigantes multinacionais estão com seus dias contados. São difíceis de administrar e mantêm, por décadas, uma cultura que, geralmente, vai contra a filosofia do mercado. Nos EUA, algumas fábricas de automóveis são a prova contundente da teimosia em não reconhecer as mudanças. Os japoneses e os coreanos foram chegando aos poucos com seus veículos desconhecidos e até desengonçados. Porém, de uma maneira silenciosa absorveram o que havia de bom nos similares dos EUA e aperfeiçoaram o que podiam. O resultado foram automóveis com todo o conforto dos estadunidenses mas sem o tamanho e o consumo de combustível dos carrões a que a classe média norte-americana estava acostumada. Então, o momento é de muito diálogo, criatividade, de manter empregos e o consumo, que geram impostos e ajudam a manter os serviços públicos essenciais. A crise veio, mas não será permanente. São alguns meses de ajuste e logo adiante o Brasil vai recuperar o rumo da prosperidade, talvez até mesmo antes do que o resto da América Latina. Barack Obama está aí, aberto às negociações entre países, apostando nos agrocombustíveis, em parcerias para a educação e no apoio às pequenas e médias empresas. Um acordo de livre comércio com os Estados Unidos viria em boa hora. Lula da Silva use do seu inigualável poder de convencimento, igual, tudo indica, ao de Obama e trate de se relacionar bem com a ainda mais poderosa nação do mundo. O momento exige tranquilidade e negociações.
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