Em meio a uma crise sobre a qual não há consenso nem se o fundo do poço já chegou, a melhor postura para quem tem algo a investir é cautela. Especialistas concordam que o momento é um dos piores para se expor ao risco — embora isso não signifique evitar totalmente aplicações mais arrojadas e lucrativas.
Uma regra a turbulência na economia mundial não modificou: o melhor negócio é avaliar o quanto se está disposto a arriscar para ter um rendimento melhor.
— É preciso fazer uma reflexão e definir quanto risco o seu orçamento consegue suportar. Fazendo isso, não há crise que apavore — afirma Sinara Polycarpo, superintendente-executiva de investimentos do Banco Santander.
Das pessoas que aplicam em ações, por exemplo, a maior parte destina 10% das economias para esse tipo de investimento, relata Sinara. Assim, uma forte queda nas bolsas não vai abrir um rombo nas contas e nem prejudicar muito os planos para o futuro.
O momento, porém, segundo especialistas financeiros, é dos investimentos mais conservadores, como fundos de renda fixa, caderneta de poupança ou CDBs, que têm rendimento mais previsível. Especialmente quando a ideia é utilizar o dinheiro ainda este ano.
Cenário de incerteza deverá se manter ao longo do ano
A incerteza sobre a situação da economia mundial vai manter o mercado de ações muito volátil, subindo e descendo ao sabor dos acontecimentos e das expectativas.
— Seja muito cauteloso neste momento. Mais vale um pássaro na mão do que dois voando — compara o consultor financeiro Marco Antonio Martins. — É melhor ter rentabilidade garantida do que buscar a maior.
Sinara, do Santander, lembra que às vezes o investidor até desanima ao comparar as taxas da renda fixa com o que se pode ganhar no mercado acionário. Mas, mesmo que o governo federal siga reduzindo a taxa básica de juro, os ganhos dos fundos DI ainda estão entre os maiores do mundo, descontada a inflação.
Contudo, a bolsa de valores não deve ser deixada de lado na montagem de uma carteira de investimentos, ressalta a superintendente-executiva. O diretor da Sparta Consultoria de Investimentos Zulmir Tres lembra que o mês de janeiro mostrou a recuperação das ações e considera que entrar no mercado com uma visão de longo prazo dará bons frutos.
— As economias mundiais devem começar a responder no segundo semestre. O investidor precisa olhar para o ano que vem — aponta.
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