Missão da União Europeia esteve na fazenda Santa Terezinha
Técnicos da fazenda Santa Terezinha, de Bagé, experimentaram ontem o rigor da missão da União Europeia que está no país para verificar o cumprimento das regras para exportação de carne bovina ao bloco.
Foram quatro horas ininterruptas de minuciosa checagem de documentos do rastreamento dos animais da propriedade e mais uma hora e meia de trabalho de campo.
– Se provarmos que temos condições de cumprir, acho que se abrem as portas para negociarmos adaptações das regras ao tamanho do rebanho brasileiro – disse Bernardo Todeschini, chefe do Serviço de Sanidade da Superintendência Federal da Agricultura.
Apesar da confiança dos técnicos do Ministério da Agricultura e da fazenda de que tudo transcorreu bem na auditoria, não foi possível obter uma avaliação dos três veterinários europeus – Richard O’Flaherty, Julia Uriol e Julia Soriano.
– Eles são feras. Mantêm sempre a mesma expressão, o mesmo tom de voz, não deixam transparecer nada – comentou Fabrício Souza, técnico da certificadora Planejar, contratada pelo estabelecimento.
Após mais de uma hora e 37 quilômetros de viagem por uma estrada de chão esburacada, os europeus chegaram na Santa Terezinha, arrendada por Mauro Pilz, às 9h30min. Em uma rodinha improvisada no meio do pasto com os técnicos brasileiros, O’Flaherty deixou claro a que viera: conferir os documentos no escritório. Em torno da mesa de trabalho improvisada em uma casa que até o dia anterior servia de depósito, a reunião estendeu-se até as 14h. Correndo de um lado para o outro para buscar documentos no galpão, o assessor técnico da propriedade Milton Pedroso era a expressão da tensão.
– Esta auditoria não é só da Santa Terezinha, mas de toda a rastreabilidade brasileira. O peso das exportações para a Europa está agora nas nossas costas – refletiu Pedroso.
A duração da auditoria no escritório fez com que as sete picanhas oferecidas de almoço à comitiva fossem servidas em estilo mais campeiro – menos sangrentas do que o costume em churrascarias e acompanhadas apenas de farofa. Não foi difícil para Pilz achar carne de qualidade – ele também é dono do frigorífico Mercosul, inspecionado no dia anterior.
Ao contrário do que ocorreu na última inspeção europeia no Estado, em fevereiro do ano passado, ontem o trabalho de campo teve papel secundário. Os estrangeiros olharam apenas 36 animais, registrando os números de identificação anotados nos brincos e os comparando um a um com os dados do sistema brasileiro de rastreamento. A Santa Terezinha está habilitada a vender ao bloco desde outubro do ano passado.
Após a visita à fazenda, os técnicos estiveram reunidos até o início da noite na inspetoria veterinária local para verificar o sistema de defesa sanitária. A julgar pela vistoria de ontem, os técnicos da Fazenda Recreio, que também será visitada hoje em Bagé, devem se preparar. No final do dia, a missão ruma a São Paulo.
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