O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) prevê, em simulações incluídas em estudo divulgado ontem sobre a crise financeira mundial, que o grau de contaminação do Brasil pode interromper o recente ciclo de crescimento econômico e social. Com as ressalvas de que ainda não é possível traçar um quadro preciso dos efeitos da crise e de que, por isso, as simulações são feitas "por meio de valores arbitrários", o Ipea projeta três possibilidades para a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009: crescimento de 4%, de 2,5% ou de 1%.
Segundo o estudo, não existem parâmetros precisos para se medir o grau de contaminação da economia brasileira pela crise internacional e, por isso, as simulações de desempenho são "um exercício técnico preliminar".
No pior cenário traçado pelo estudo para este ano - crescimento do PIB de apenas 1% -, seriam criados 320 mil novos empregos, mas, ao mesmo tempo, o universo de desempregados aumentaria em 1,126 milhão de trabalhadores, ficando em 8,754 milhões, ou 8,6% da população economicamente ativa (PEA).
No cenário mais otimista - crescimento de 4% -, o instituto prevê que seriam criados cerca de 1,3 milhão de novos empregos, e o universo de desempregados seria ampliado em 154 mil trabalhadores, totalizando 7,782 milhões, ou 7,7%. "Mesmo crescer 4% não será suficiente para combater o desemprego", afirmou o presidente do Ipea, Márcio Pochmann.
No cenário intermediário traçado pelo estudo (2,5%), seriam criados 800 mil novas vagas, mas o número de desempregados aumentaria em 806 mil, somando 8,272 milhões, ou 8,1%. Segundo o Ipea, esses números mostram que, em 2009, o contingente de trabalhadores empregados aumentaria, mas não o suficiente para atender ao crescimento do total de trabalhadores entrando no mercado, que poderá ser de cerca de 1,45 milhão de pessoas.
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