O faturamento das exportações gaúchas cresceu 23% em 2008, no confronto com 2007. A Fundação de Economia e Estatística (FEE) divulgou ontem que o Estado fechou o ano com vendas nominais de US$ 18,5 bilhões, com liderança do trio complexo soja, carnes e fumo, que respondeu por quase 40% dos negócios, somando US$ 7,2 bilhões. Segundo o economista Álvaro Garcia, do Centro de estudos Econômicas e Sociais da FEE, a cifra maior não implicou necessariamente ganho maior para as empresas, pois o setor operou durante quase todo o ano com o real valorizado. Para Garcia, o saldo foi muito bom e dificilmente se repetirá em 2009.
O economista elencou a desaceleração da economia mundial, a indefinição sobre oferta local de commodities e comportamento da demanda e a disponibilidade de crédito entre variáveis que influenciarão o comportamento do mercado externo neste ano. A elevação do câmbio, que saiu do patamar de R$ 1,60, verificado em boa parte de 2008, para cotações acima de R$ 2,40, ajudou a melhorar a remuneração de exportadores no último trimestre, acrescenta o economista. O desempenho das vendas externas foi um dos destaques da Carta de Conjuntura, divulgada ontem pela Fundação, que também avaliou o mercado de trabalho na Região Metropolitana de Porto Alegre.
China, União Europeia e Estados Unidos figuraram entre os principais destinos das mercadorias. A maior demanda e valorização de preços das commodities determinaram o saldo na maior parte do ano passado. Maiores aplicações de investidores em mercados de preços futuros, como na Bolsa de Chicago, também ajudaram a turbinar as cotações de produtos agropecuários. "O Estado foi beneficiado principalmente no complexo soja", indicou o economista. O grupo, que reúne grão, farelo e óleo, respondeu pelo maior saldo, com US$ 2,97 bilhões, avanço de 17,4% ante 2007. Mas o volume recuou 24,8%. Segundo Garcia, o dado reflete redução da safra.
Entre os quatro principais segmentos exportadores, as carnes in natura e industrializadas apresentaram maior crescimento, com avanço de quase 30% nos negócios, que somaram US$ 2,55 bilhões, segundo melhor no ranking. O segmento, cujo desempenho foi alimentado por 60% de vendas de frango e 30% de suíno, também teve saldo positivo no volume, que subiu 6,5%, condição única entre os quatro principais segmentos exportadores. O setor fumageiro gaúcho, que responde por 70% das vendas externas brasileiras, registrou alta de 20% na receita, fechando em US$ 2 bilhões, com recuo de 3,9% no volume. "Menores estoques mundiais e qualidade da produção local ajudaram", pontuou o economista.

Principais mercadorias
Produto Valor Variação Variação no

Soja (1) US$ 2.979 milhões 17,4% -24,8%
Carnes (2) US$ 2.556 milhões 29,7% 4,0%
Fumo US$ 2.008 milhões 20,0% -3,9%
Calçados US$ 1.208 milhões - 6,4% - 25,4%
Subtotal US$ 8.748 milhões 17,1% - 20,4%
Total US$ 18.460 milhões 22,9% - 11,1%