A decisão do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) de reduzir a taxa de juros da economia norte-americana para 0% - e estabelecendo uma margem de até 0,25% - pode trazer benefícios para o Brasil em médio e longo prazo. Com a rentabilidade praticamente inexistente para os títulos do Tesouro dos Estados Unidos, há uma possibilidade de investidores, principalmente brasileiros, preferirem os papéis brasileiros para suas aplicações, já que a taxa básica do Brasil está em 13,75%. "Comprar títulos norte-americanos se torna menos vantajoso, principalmente se isso for somado com uma queda na cotação do dólar", avalia o coordenador do departamento de economia da Faculdade de Administração, Contabilidade e Economia da Pucrs, Leandro de Lemos.
O economista diz que no médio prazo, investidores estrangeiros também devem identificar oportunidades para retornar à economia brasileira. "O Brasil ainda é um país de risco, tanto que esse índice é medido e relativamente alto se comparado ao dos Estados Unidos, mas vai ficar mais definido que é um risco global e não brasileiro", afirma. Os títulos do Tesouro norte-americano são considerados os mais seguros e mesmo que a crise financeira tenha se originado no país, os papéis foram os preferidos de muitos fundos de investimentos.
Para o professor da Faculdade de Economia da Ufrgs André Moreira Cunha, o corte na taxa básica de juros nos Estados Unidos não deve ter um impacto imediato no fluxo cambial e na cotação do dólar. Desde o início do agravamento da crise, a moeda norte-americana tem se valorizado frente a todas as demais, mesmo com a redução dos juros, o que deveria, em tese, desfavorecer o dólar.
"É uma aparente contradição, mas o que manda no fluxo cambial é a busca pela qualidade e nesse ponto o dólar tem se saído melhor, até mesmo que o euro", diz. Cunha explica que as moedas de emergentes ainda são muito fracas e não são emitidas dívidas internacionais referenciadas por elas.
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