O Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul deverá crescer 1,6% em um cenário moderado em 2009. De acordo com o levantamento Balanço 2008 & Perspectivas 2009, divulgado ontem pela Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), mesmo no cenário pessimista, ainda haverá crescimento, de 0,3%, sendo que em um horizonte de otimismo a alta será de 2,3%. Para 2008, a previsão é de elevação do PIB em 3,1%.
"A indústria se mantém atenta à crise internacional, mas se percebe que alguns de seus setores ainda não sentem os efeitos deste cenário", comentou o presidente da Fiergs, Paulo Tigre. Uma das principais preocupações do setor produtivo para 2009 é a restrição do crédito, que encolhe especialmente nos bancos privados no momento de turbulência.
"O dinheiro continua muito caro no Brasil", protestou Tigre. Ele reclama que a redução dos compulsórios não tem sido repassada ao crédito e que é necessário que sejam reduzidos os spreads bancários. Outros riscos para a economia gaúcha são a instabilidade do câmbio, a queda de renda externa e as incertezas quanto aos preços das commodities.
O principal condutor da expansão em 2009 será o agronegócio, setor em que a safra deverá repetir o bom desempenho alcançado nos últimos anos no Estado. A perspectiva moderada é que a agropecuária gaúcha avance 4,7%. O mesmo não deve se repetir com a indústria sul-rio-grandense, cuja expansão deve ficar em 1%.
"Oitenta por cento de nossa indústria é ligada ao setor metalmecânico, caminhões, ônibus e máquinas agrícolas e deverá enfrentar problemas de crédito e frear seu crescimento em 2009", explicou o economista da Fiergs Igor Morais.
A balança comercial gaúcha fechará 2009 em US$ 2,1 bilhões, ante US$ 3,5 bilhões previstos para este ano. Embora a cotação do dólar esteja melhorando para os exportadores, o mercado externo se retrai e compra menos. A questão é saber o que pesará mais no momento dos negócios.
Para o Brasil, a expectativa é de uma elevação de PIB de 2,1% para 2009. A Fiergs espera aumento do risco-País, redução do saldo comercial e encolhimento do mercado de crédito, sempre no cenário intermediário. "Em um cenário pessimista, prevemos que a recessão mundial puxará os países emergentes e, em um otimista, haverá desaceleração no mercado mundial até setembro", explicou Morais. A expectativa da Fiergs é de que a economia brasileira expandirá 5,1% em 2008.
A indústria brasileira deve se expandir em 1,2% em um cenário moderado, enquanto o setor agrícola se reduzirá 1,4%, com previsão de quebra da safra. O segmento de serviços amplia 2,1% no próximo ano. A Fiergs prevê inflação de 6,3% para até o final deste ano e de 4,5% para 2009.
Para evitar a alta nos preços, especialmente pressionados pelos produtos importados, o Banco Central (BC) deverá manter a elevação nas taxas de juros, diz a Fiergs. Os juros nominais no final do ano que vem ficarão entre 13,3% e 15,3%. A meta é fechar 2008 com juros de 13,8%.
Criação de empregos vai desacelerar
A criação de empregos deverá sofrer forte desaceleração no próximo ano, prevê a Fiergs. Ante uma previsão de 1,9 milhão de novos empregos no Brasil para 2008, surge a expectativa de 681 mil empregos no próximo ano. No Estado, serão gerados 48 mil empregos, sendo que o segmento de serviços é o que mais contratará (35,8 mil).
Este ano deve fechar com a criação de 111,2 mil vagas no Rio Grande do Sul. "A maior parte dos setores da economia já vinha encontrando dificuldades para contratar mão-de-obra qualificada. A partir de agora, deverá haver uma estabilização da demanda e alguns setores poderão começar a demitir", acredita o presidente da entidade, Paulo Tigre.
O cenário macroeconômico mundial não anima, de acordo com dados do Fundo Monetário Mundial inseridos no balanço da entidade. Estados Unidos (-0,7%), Japão (-0,2%) e Zona do Euro (-0,5%) entrarão em período de recessão. A China terá seu menor crescimento em 19 anos: 7,7%.
Argentina, outro importante importador de produtos brasileiros, elevará suas riquezas em apenas 3,6%. A perspectiva é de desaceleração com forte impacto nos países emergentes, estabilidade na inflação e novos cortes nas taxas de juros pelos bancos centrais.
O dirigente discordou da opção da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) de não fazer projeções para o próximo ano, conforme anunciou seu presidente Paulo Skaf. "As federações devem, sim, fazer suas projeções, mesmo em um cenário de constante mudanças. Isto é necessário para que se saiba pelo menos a tendência da economia", disse Tigre.
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