Relatório acredita que recessão nos países da organização até segundo semestre de 2009
A crise financeira mundial poderá deixar 8 milhões de pessoas desempregadas nos próximos dois anos, indicou nesta terça-feira a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). A recessão nos países da organização se prolongará até meados do próximo ano e seu impacto, sem precedentes desde o início dos anos 1980, não permitirá uma recuperação econômica até o segundo semestre de 2010.
Esta é a principal conclusão do relatório semestral de perspectivas divulgado pela OCDE, que prevê redução de 0,4% em seu Produto Interno Bruto (PIB) — cálculo 0,1 ponto percentual menor do que o previsto há 12 dias — por causa de uma previsível piora da economia na zona do euro. O conjunto dos 30 membros da OCDE entrou em recessão no terceiro trimestre de 2008, com queda de 0,2% do PIB, número que se agravará nos três últimos meses deste ano, até alcançar -1,4%, continuando negativo nos dois seguintes (-0,8% e -0,2%).
Apesar de a taxa de crescimento ser timidamente positiva no segundo semestre de 2009 (0,5% no terceiro trimestre e 1,1% no quarto), o nível de produção entre julho e dezembro do próximo ano seguirá sendo inferior ao deste ano e a recuperação virá apenas em 2010, quando se espera progressão da atividade de 1,5%. Os autores do estudo advertem que a crise será particularmente sentida em países muito expostos à brusca mudança da tendência do mercado imobiliário, como Estados Unidos, Reino Unido, Espanha e Irlanda, ou à tempestade financeira, como Hungria e Turquia.
Os EUA, onde o recuo do PIB deverá ser maior no próximo ano (cairá 0,9%), poderiam se recuperar em 2010, com crescimento previsto de 1,6%. Em relação ao Japão, após o efeito temporário nos próximos meses por causa do estímulo fiscal decidido pelo governo, que limitará o corte da atividade em 2009 a 0,1%, o país sofrerá uma estagnação que permitirá crescimento de 0,6% em 2010.
A conseqüência deste panorama de recessão para o conjunto da OCDE é que a taxa de desemprego, com média de 5,9% este ano, subirá para 6,9% em 2009 e atingirá 7,2% em 2010, o que, segundo o economista-chefe da OCDE, Klaus Schmidt-Hebbel, significaria mais 8 milhões de desempregados em dois anos.
Schmidt-Hebbel afirma que o período crítico da crise financeira está chegando ao fim, mas também não descarta totalmente a hipótese de sobressaltos com outras quebras no setor de fundos de investimento especulativos, de forma que não se deve esperar uma normalização do mercado de crédito até o final de 2010.
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