Em São Paulo e Belo Horizonte, houve crescimento de 9% e 46%, respectivamente
A quarta pesquisa sobre o impacto da pirataria no Brasil mostra que houve uma redução de 38% na venda de tênis, roupas e brinquedos falsificados neste ano em relação ao ano passado, quando havia sido registrado aumento de 8% nesse tipo de comércio. Mas em São Paulo e Belo Horizonte, onde o levantamento avaliou também a venda de outros sete produtos, houve crescimento de 9% e 46%, respectivamente, no negócio de falsificações.
O trabalho, feito pelo Ibope por encomenda da Câmara de Comércio dos Estados Unidos e do Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos, também traça pela primeira vez o perfil de quem consome produtos piratas.
— Em lugares no Brasil em que não há parceria estruturada, com inteligência, feito entre iniciativa privada e polícias locais, a pirataria cresce assustadoramente. Cidades como Belo Horizonte, onde a gente não acompanha apreensões, a pirataria cresceu 46%. A pirataria deve ser combatida com apreensões contínuas — afirmou Solange Mata Machado, representante da Câmara de Comércio dos EUA.
No Rio, terceira capital estudada, foi registrada redução de 35%. A queda mais acentuada no consumo de produtos piratas em todo o país deu-se no ramo de brinquedos. O número de pessoas que compraram esse tipo de produto caiu de 199.107 para 88.017 (-46%). Solange aponta três fatores para essa redução: diminuição da oferta, por causa do trabalho de repressão da Receita Federal, a desvalorização cambial —se o produto original tem preço próximo ao produto pirata não há estímulo para o consumidor comprar um brinquedo falsificado —, e a logística de distribuição.
— A empresa líder no mercado de brinquedo tem feito distribuição aberta e ampla no mercado brasileiro, e com isso lugares que nunca foram atendidos com brinquedos originais agora recebem esse tipo de mercadoria — afirmou.
Ela acredita que a crise financeira mundial possa aumentar a entrada de produtos piratas no Brasil e defendeu a intensificação das apreensões. A estimativa é de que a indústria tenha perdido com pirataria R$ 45,5 bilhões em 2008.
Perfil
Segundo a representante da Câmara de Comércio dos Estados, depois de três pesquisas acompanhando o sobe e desce do comércio de pirataria, o quarto trabalho foi dedicado a identificar o perfil de quem compra esse tipo de produto.
— Vimos avanços no combate à pirataria no Brasil e agora precisamos trabalhar não só do lado da oferta, mas iniciar um processo de conscientização da população para diminuir a demanda. E já conseguimos identificar mudanças de hábitos de consumo — afirma.
Uma dessas mudanças diz respeito à freqüência com que o consumidor costuma comprar falsificações. Em 2007, 24% responderam "nunca". Em 2008, essa foi a resposta de 34% dos entrevistados. Entre os que disseram que compram piratarias, os pesquisadores conseguiram identificar dois grupos — o convicto e o eventual.
Se o primeiro não se importa com as conseqüências das suas compras, o segundo não compraria produtos piratas se soubessem que financia o crime organizado (72%), ou se houvesse vínculo com o tráfico de drogas (88%) ou ainda se esses produtos causassem danos à saúde (90%)
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