A unidade da General Motors (GM) em Gravataí terá 20 dias de paralisação nas atividades dos funcionários durante o mês de novembro. Em nota divulgada nesta quinta-feira, a montadora disse que a medida visa a adequar os estoques da fábrica em face "à restrição de crédito que já impacta as vendas de veículos no mercado interno." Essa foi a primeira vez que a GM reconheceu a queda. A empresa ressaltou que espera "que atual situação seja passageira e deverá retornar à normalidade no prazo de dois a três meses".
A empresa dará aos trabalhadores uma licença remunerada do dia 3 a 6 de novembro, e férias coletivas de 17 a 28. Somados aos days-off programados para os dias 7 e 10 e ao corte dos dois sábados de produção que aconteceriam no mês, os 5,2 mil funcionários da GM e das sistemistas terão quatro dias de trabalho, entre 11 e 14 de novembro. Com a redução, ao invés dos 19.360 veículos que deveriam ser fabricados em novembro, serão só 3.520 unidades. São Caetano do Sul (SP) também programou férias coletivas. Na terça-feira, a GM havia informado que faria quatro days-off no mês de novembro, sem datas definidas.
A paralisação pegou os funcionários de surpresa. "Os trabalhadores estão em pânico, porque ninguém sabe onde isso vai chegar", informa Valcir Ascari, coordenador do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí. Segundo ele, já começaram a ocorrer demissões nas sistemistas. "A situação é tensa, e não sabemos como será em dezembro, janeiro e fevereiro, mas pode ser pior", analisa Ascari.
Na próxima semana, representantes do sindicato irão a São Caetano do Sul, onde terão um encontro com a diretoria da montadora para cobrar o cumprimento do contrato coletivo de trabalho. Além disso, se reunirão com a Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos, onde serão programadas visitas a parlamentares em Brasília, a fim de discutir a articulação de medidas com o governo federal. "Esse movimento não é único da categoria, mas de quem está preocupado com os empregos. Precisamos de uma ação para restabelecer o crédito e reduzir as taxas de juros para que o mercado seja reaquecido e os empregos mantidos", afirma Ascari.
Marcopolo começa produção
na segunda planta da Índia
Roberto Hunoff,
de Caxias do Sul
As autoridades indianas concederam licença ambiental provisória para o início das atividades produtivas da Tata Marcopolo Motors na cidade de Dharward. A joint-venture entre a Tata e a Marcopolo já conta com 150 funcionários, que começarão a fabricação de microônibus em novembro, na faixa de 100 unidades/mês, com expansão gradual até março do próximo ano. A partir de abril, a meta da empresa é ampliar este volume mensal para mil unidades, dentro do estabelecido para a primeira etapa do projeto, que é de 12,5 mil veículos/ano.
De acordo com Carlos Zignani, diretor de relações com investidores, a licença provisória permite que a empresa produza e fature. Em até seis meses o governo deve concluir a inspeção dos equipamentos e de toda a estrutura fabril para a concessão definitiva da licença. "As autoridades de lá são rigorosas, criteriosas e exigentes no cumprimento das questões ambientais."
Zignani também adianta que não há reavaliação alguma na consolidação do projeto de 25 mil unidades, previsto desde o início da parceria. Este volume deverá ser atingido em 2011, mas exigirá ampliação da estrutura fabril. "No momento certo e, dependendo das condições de mercado, as medidas necessárias para tanto serão anunciadas. Mas a atual crise mundial, em nada, interferiu nesta posição, que é a mesma de quando o projeto foi formalizado."
A fábrica de Lucknow, que fabrica ônibus urbanos desde o ano passado, acaba de abocanhar mais 1,6 mil veículos, o equivalente a 65% de nova concorrência feita pela prefeitura de Nova Délhi. Estes veículos serão entregues até dezembro de 2009. Zignani ressalva que nesta concorrência, e na anterior de 650 unidades, a Marcopolo é somente remunerada pelo projeto dos ônibus e pela gestão da fábrica, em função de a produção estar concentrada em área da Tata, que também absorve todos os custos dos funcionários. "Futuramente teremos participação na proporção de 49% que nos cabe."
A parceria para constituição de fábrica no Egito permanece inalterada. A estimativa é de que a produção se inicie em julho. A situação é a mesma do Brasil. Até o final do ano a produção continuará a pleno para atender aos pedidos em carteira. No início de dezembro a empresa anunciará suas perspectivas de faturamento e receita para 2009. Preliminarmente trabalha com a visão de repetir, internamente, os números deste ano.
O único problema no exterior está concentrado na Rússia, onde a Ciferal, controlada da Marcopolo, mantém joint-venture com a Ruspromauto. Carlos Zignani confirma que a crise mundial atingiu seriamente aquele país, que está sem crédito, e tem forte presença de ônibus importados da China. "Pode-se afirmar que o mercado desapareceu."
Por conta desta situação a decisão é manter os atuais níveis de produção até o final do ano, operando com os estoques existentes. Em dezembro as diretorias das duas empresas se reunirão para decidir o futuro das fábricas. Uma delas, e possivelmente a que será adotada, é a junção da produção em uma só planta. Mas até lá deverão ser produzidas, neste ano, em torno de 500 unidades. "Vamos esperar a crise clarear para tomar a decisão correta. O mercado russo é estratégico, mas com pouca representatividade no volume total da Marcopolo." A encarroçadora projeta produzir 21 mil unidades em todas as suas fábricas no Brasil e no exterior, gerando receita líquida de R$ 2,4 bilhões.
Fusão com General Motors poderá fechar sete unidades da Chrysler
A fusão com a General Motors pode resultar no fechamento de sete das 14 fábricas da Chrysler nos Estados Unidos, além da eliminação de 19 dos 26 modelos de carros da montadora. A avaliação é de Kimberly Rodriguez, especialista no setor automotivo da consultoria Grant Thornton LLP. Rodriguez estimou que entre 30 mil e 40 mil dos 67 mil empregados da Chrysler podem ser demitidos. Outros 50 mil empregos devem ser cortados nas empresas fornecedoras da companhia.
Lucro da Volks cresce
28% em nove meses
A alemã Volkswagen informou que seu lucro líquido cresceu 28% nos primeiros nove meses deste ano em comparação com igual período do ano passado, sustentado pelas vendas de veículos. A empresa, que tem conseguido sair-se bem em meio à crise, foi a única grande montadora européia que até o momento não revisou metas de venda para o ano. O lucro líquido da companhia somou US$ 4,87 bilhões. As vendas cresceram 3,9%, lideradas pela demanda na China e no Brasil.
|