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16/10/2008 - UE quer criar órgão global de supervisão
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Os líderes dos 27 países que integram a União Européia vão pedir hoje a criação de um órgão supervisor para as 30 maiores companhias do mundo do setor financeiro. As autoridades começaram ontem, em Bruxelas, capital da Bélgica, uma reunião de dois dias para estudar medidas adicionais a serem tomadas para combater a crise financeira e acordar a expansão do plano de ação elaborado pelo Reino Unido e pelos 15 países da zona do euro para as demais nações do bloco.
Os líderes também vão pedir a reforma do sistema de Bretton Woods, em vigor desde julho de 1944. Os europeus querem promover uma reunião de líderes de todas as partes do mundo para colocar a idéia em andamento após as eleições presidenciais norte-americanas. "Eu propus um encontro de cúpula internacional até o final do ano, preferencialmente em Nova Iorque, onde tudo começou", disse o presidente da França, Nicolas Sarkozy, em seu discurso de abertura.
Ele acrescentou que quer ver a supervisão financeira estendida para os fundos de hedge e eliminar os centros financeiros offshore. Os líderes da UE disseram que um novo órgão internacional para supervisionar os principais bancos seria formado por representantes de agências reguladoras e países e centros financeiros importantes. Seu propósito seria melhorar a comunicação e os planos de resposta para as operações dos bancos em todo o mundo.
Os líderes da UE também estão voltando sua atenção para o impacto da crise do crédito e dos fortes declínios dos preços das ações sobre a economia de maneira geral, embora tenha havido poucos pedidos para um pacote de estímulo fiscal que abranja o bloco inteiro.
De acordo com um diplomata da UE, os líderes vão pedir uma ampla reforma da governança econômica e da supervisão das instituições financeiras globais. No alto de sua lista de prioridades estão relações mais próximas entre os supervisores nacionais responsáveis pelas atividades de grandes bancos e seguradoras, de forma que as autoridades tenham uma visão global sobre suas atividades.
Alguns dos líderes europeus criticaram o modo como o governo norte-americano lidou com a situação. "A crise mostrou uma falta de liderança nos EUA", disse o ministro de Finanças da Holanda, Wouter Boss. Eles deverão endossar em princípio o plano de ação da zona do euro acertado domingo passado, de acordo com o rascunho de um comunicado obtido pela Dow Jones. "O Conselho Europeu recebeu bem o plano de ação concertada dos países da zona do euro de 12 de outubro, e endossa seus princípios", diz o rascunho.
Os líderes também dão sinais crescentes de que terão uma abordagem mais dura em relação a seus bancos. O chanceler da Áustria, Alfred Gusenbauer, afirmou que o governo poderá nacionalizar os bancos do país à força como último recurso. "Se houver um perigo endêmico para a economia, essa seria uma medida de último recurso", disse ele. Gusenbauer também pediu um pacote de medidas para sustentar a economia de maneira geral, mas essa visão não parece ser compartilhada pela maioria dos demais líderes, que preferem tomar decisões sobre tributação e gastos em nível nacional.
Também ontem, o G-8, grupo dos oito países mais industrializados do mundo, informou que vai se reunir em breve e que os líderes dos países-membros estão "unidos no compromisso de arcar com nossa responsabilidade" na resolução da crise financeira mundial. "Nós vamos enfrentar os desafios presentes e fazer nossas economias voltarem à estabilidade e prosperidade", diz a nota do G-8.
O comunicado, divulgado pela Casa Branca, afirma que o G-8 elogia as recentes ações tomadas pelo G-7 e pelo FMI sobre a crise financeira. "Essas medidas vão ajudar as instituições financeiras a conseguir o necessário acesso ao capital, dar apoio sistemático a instituições financeiras importantes e evitar sua falência", afirma a nota. "Nós vamos implementar essas medidas de forma urgente, transparente e não discriminatória."
O G-8 informou que também vai trabalhar para limitar o impacto da crise nos países emergentes e em desenvolvimento. O comunicado afirma também que o grupo está decidido a concluir as negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) "com resultados ambiciosos e equilibrados". O G-8 reúne Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália, Japão e Rússia.

O que é o Sistema Bretton Woods
Preparando-se para reconstruir o capitalismo mundial enquanto a Segunda Guerra Mundial ainda acontecia, 730 delegados de todas as 44 nações aliadas encontraram-se no Mount Washington Hotel, em Bretton Woods, New Hampshire, para a Conferência Monetária e Financeira das Nações Unidas.
As conferências definindo o Sistema Bretton Woods de gerenciamento econômico internacional, estabeleceram em julho de 1944 as regras para as relações comerciais e financeiras entre os países mais industrializados do mundo. O sistema foi o primeiro exemplo, na história mundial, de uma ordem monetária totalmente negociada, tendo como objetivo governar as relações monetárias entre Nações-Estado independentes.
Definindo um sistema de regras, instituições e procedimentos para regular a política econômica internacional, os planificadores de Bretton Woods estabeleceram o Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (International Bank for Reconstruction and Development, ou Bird) e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Essas organizações tornaram-se operacionais em 1946, depois que um número suficiente de países ratificou o acordo.
As principais disposições do sistema Bretton Woods foram, primeiramente, a obrigação de cada país adotar uma política monetária que mantivesse a taxa de câmbio de suas moedas dentro de um determinado valor indexado ao dólar - mais ou menos um por cento - cujo valor, por sua vez, estaria ligado ao ouro numa base fixa de US$ 35 por onça troy, e em segundo lugar, a provisão pelo FMI de financiamento para suportar dificuldades temporárias de pagamento.
Em 1971, diante de pressões crescentes na demanda global por ouro, Richard Nixon, então presidente dos Estados Unidos, suspendeu unilateralmente o sistema de Bretton Woods, cancelando a conversibilidade direta do dólar em ouro.






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