Parte da mão-de-obra que será empregada na ampliação da planta da Aracruz Celulose em Guaíba, na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), deverá vir das fileiras do Plano Nacional de Qualificação para a Construção Civil (Planseq). A previsão foi feita ontem pelo ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, em visita à sede da indústria, onde assegurou que a RMPA terá quase R$ 7 milhões para formar 5,8 mil trabalhadores no setor ainda em 2008. As inscrições de instituições ou empresas interessadas em executar os cursos, cujo público alvo serão beneficiários do programa Bolsa Família, vão até 18 deste mês. A divulgação das habilitadas ocorrerá em 27 de outubro.
O diretor de operações da Aracruz, Walter Lídio Nunes, projetou para novembro as primeiras contratações. Os preparativos na área onde está a atual planta já começaram. A partir de fevereiro de 2009, o projeto poderá empregar entre 3 mil e 4 mil trabalhadores. Nunes esclareceu que a companhia prevê R$ 15 milhões em um programa próprio de qualificação nos próximos anos, com 33 áreas de atuação profissional - do canteiro de obras a operações portuárias e colheita de árvores, totalizando 8,3 mil pessoas. "Vamos precisar de quase 4 mil somente na construção civil", estimou o executivo. Uma preocupação é a formação em metalmecânica.
Conforme o ministro, os programas serão independentes. "A mão-de-obra será absorvida no mercado e poderá ser requisitada pela Aracruz. Para o ano que vem podemos ter ações para papel e celulose", projetou Lupi. Nunes reforçou a preferência por mão-de-obra local na execução das etapas da ampliação. O diretor de operações conta que muitas empresas que não investem em qualificação acabam "roubando" trabalhadores formados em seus programas. "Mas apostamos na atração de nossos salários, entre 10% a 20% superiores ao mercado".
O ministro afirmou que o órgão tem pressa em qualificar mão-de-obra. "Muitas funções não têm mais gente para vagas", exemplificou. A RMPA ficou com apenas 5% dos recursos do Planseq destinados a 13 regiões metropolitanas, que somam R$ 150 milhões do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). "A conta foi feita em cima da participação no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O Estado responde por 4,8% das verbas", explicou Lupi. A previsão inicial era de 11 mil pessoas do Bolsa Família seriam atingidas pelas vagas, mas quase a metade preencheu os requisitos, como ter escolaridade até 4ª série do Ensino Fundamental.
A diretora de Emprego da Secretaria Estadual da Justiça, Carla Zitto, adianta que também será ofertada mão-de-obra em 2008 a partir de cursos patrocinados por R$ 1,1 milhão da Consulta Popular. Neste caso, não haverá vinculação com o Bolsa Família. Editais para contratar instituições para os cursos serão lançados nas próximas semanas. As vagas estarão vinculadas ao Bolsa Família e devem abranger RMPA, vales do Paranhana, Taquari e Delta do Jacuí.
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