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09/09/2008 - Mantega: queda de commodities compensa alta do dólar
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O ministro afirmou ainda que "já podemos dormir tranqilos em relação à inflação"
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou hoje que a valorização do dólar é um fenômeno mundial, depois de meses em que a moeda americana mostrou desvalorização ante as principais moedas estrangeiras. Ontem à noite, Mantega afirmou que o real deve continuar se desvalorizando ante o dólar.

— Como temos um câmbio flutuante, ele flutua para baixo e para cima. Agora está flutuando para cima e já era esperado. Acho que vai continuar nesta trajetória de alta — disse ontem, durante discurso na cerimônia de lançamento do livro sobre os 200 anos do Ministério da Fazenda.

Mantega acredita que está havendo uma inversão que afetará o Brasil. Mas, para o ministro, esse movimento será compensado com a queda forte nos preços das matérias-primas (commodities).

— A queda das commodities compensa a elevação do dólar sobre a economia brasileira. Então, não deve afetar a inflação — afirmou o ministro, em breve entrevista antes da abertura do segundo dia do seminário "Desenvolvimento econômico: crescimento com distribuição de renda".

O ministro lembrou que já há uma deflação do Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) e chegou a afirmar que "já podemos dormir tranqilos em relação à inflação. Mas sempre com o olho aberto".

Após ser negociado abaixo de R$ 1,60 em julho, o dólar voltou ao patamar de R$ 1,70 no início deste mês, retomando os níveis apresentados em abril deste ano. Ao ser questionado se o dólar poderia ultrapassar R$ 1,80, Mantega disse que não dá para fazer previsões, mas que acredita que a cotação poderá continuar subindo.

— O dólar responde a uma situação de mercado — disse o ministro.

Segundo Mantega, o dólar é pressionado pela fuga de capital das Bolsas no Brasil para cobrir "buraco nas matrizes". Assim, a volta do capital para os Estados Unidos valoriza a moeda americana, o que influencia também a cotação da moeda aqui. Para o ministro, a tendência de valorização do real que houve no passado já chegou ao limite:

— De certa forma é bom, porque não vai mais atrapalhar o setor exportador brasileiro.

O ministro disse que as contas externas brasileiras também devem sentir um reflexo positivo da valorização do dólar, já que com o movimento de desvalorização da moeda americana haveria um aumento das importações.

— Essa autocorreção gerada pelas determinantes de mercado fará com que as contas externas brasileiras tenham um desempenho melhor — avaliou.

Estados Unidos

Mantega lembrou que a economia americana melhorou por causa da desvalorização do dólar nos últimos meses porque passou a exportar mais.

— É o que explica o desempenho menos pior da economia americana neste período. Por isso é que cresceu mais do que o esperado — disse o ministro.

Segundo ele, se a crise internacional continuar nesse patamar, o Brasil não vai sentir maiores reflexos. Mas Mantega ressaltou que, embora o governo dos Estados Unidos esteja trabalhando para evitar o alastramento da crise, ela dependerá também da atuação do Banco Central Europeu (BCE). Para o ministro, o BCE está com uma posição muito conservadora, o que já está causando uma retração de crescimento nos países europeus. Ele lembrou que o BCE elevou a taxa básica de juros para 4,25% em julho, mas manteve os juros na região nas reuniões seguintes, de agosto e setembro.

Mantega voltou a elogiar o aporte de recursos do Tesouro norte-americano nas duas agências hipotecárias Fannie Mae e Freddy Mac. Segundo ele, como essas agências também recebem capitais externos, uma quebradeira nos EUA poderia arrastar o sistema financeiro internacional.

— Os Estados Unidos não podem deixar degringolar o mundo inteiro — afirmou.

Segundo ele, ainda, o Brasil até agora foi muito pouco afetado porque a economia está robusta. Para Mantega, o único reflexo da crise no Brasil é a saída de dólares das bolsas em forma de remessa de lucro e dividendos.






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