Nos últimos seis meses, passageiros que vão de Porto Alegre a São Paulo têm pago mais na hora de viajar de avião. Segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em janeiro de 2008, o preço médio da passagem de ida e volta entre o aeroporto de Congonhas e o Salgado Filho era de R$ 373,16. Em julho, o valor chegou a R$ 591,97, alta de 58,6%.
Em comparação com outros trechos dentro do Brasil, a rota Congonhas-Porto Alegre foi a que mais teve aumento nos preços este ano, seguida pela ponte aérea São Paulo-Rio de Janeiro, na qual o avanço foi de 55,7%.
De janeiro a julho, algumas das principais rotas do país tiveram alta superior a 40%. Segundo as empresas aéreas, a elevação no preço do querosene foi o principal fator para o aumento das tarifas. Até agosto, o combustível de aviação subiu 36%.
Porém, especialistas acreditam que a alta no petróleo não seja o único motivo para as alterações. Para Paulo Sampaio, consultor da Multiplan, a falta de competição no ramo (hoje, Gol e TAM dominam em torno de 90% do mercado doméstico), o baixo número de vôos e a falta de outras opções de transporte fazem com que a demanda pelo uso de aviões seja alta, principalmente em viagens de longa distância como entre Porto Alegre e São Paulo.
— O consumidor brasileiro, em especial o que usa o avião para trabalhar em outras cidades, não tem alternativas de locomoção. A falta de concorrência abre espaço para que as empresas aumentem — diz Sampaio.
Para os próximos anos, a previsão do consultor é de que os preços continuem subindo. Segundo Sampaio, nem a entrada da Azul, que iniciará as operações no final deste ano, deve alterar o cenário atual, uma vez que a frota da nova companhia será pequena e, no início, a empresa não terá muitas chances de brigar por maiores fatias do mercado.
Executivos gaúchos passaram a viajar mais
Carmen Marun, presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav-RS), acrescenta que o que ocorreu, na verdade, foi uma diminuição dos descontos aplicados sobre a tarifa normal. No caso de Porto Alegre, o aquecimento da economia e o crescimento do volume de negócios interestaduais fez com que os empresários da região passassem a ir mais a São Paulo. Apesar do aumento na procura por passagens, diz ela, o número de vôos é baixo, o que pressiona para cima o valor dos bilhetes.
— Enquanto a procura for maior do que a oferta, a tarifa continuará alta. A dica para o consumidor que depende do avião é comprar sempre com antecedência — explica Carmen.
De acordo com a Anac, de janeiro a julho de 2008 a demanda por passagens cresceu cerca de 10% no país.
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