As contratações no setor público em junho foram decisivas para o aquecimento do emprego na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA). A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) mostrou recuo da desocupação, que fechou em 11,9% no mês passado na RMPA. É a menor taxa do mês desde junho de 1995, que registrou desemprego de 10,1%. As administrações públicas em todos níveis geraram saldo positivo de 16 mil vagas no confronto com maio e chegaram a 18 mil em 12 meses. No confronto com a taxa de 14,4% de junho de 2007, o desemprego caiu 17,4% na região.
O impulso para geração de postos de trabalho nos últimos 12 meses se concentrou na área de serviços. O setor somou cem mil vagas no período. Já no total dos segmentos, o saldo de um ano foi de 130 mil postos. A queda da taxa interrompeu três meses consecutivos de elevação do desemprego. A inversão da alta foi efeito da queda do chamado desemprego aberto, que caiu de 9,2% para 8,7%. Já o desemprego oculto, que reflete o contingente de trabalhadores em situação mais precária, saiu de 3% para 3,2%. O contingente de desempregados em junho foi estimado em 235 mil pessoas, 6 mil a menos do que os existentes em junho de 2007. Indústria, com queda de 0,9%, e comércio, com recuo de 1%, tiveram piores desempenhos frente a maio.
O secretário estadual da Justiça e do Desenvolvimento Social, Fernando Schüler, destacou que a ampliação do emprego na área pública é efeito do período pré-eleitoral. Segundo a coordenação da PED, o mesmo comportamento foi verificado em 2004, ano de eleições municipais. A restrição para fazer seleções e contratar no período anterior e posterior à votação acaba impulsionando a concentração das contratações. Schüler confrontou a geração de vagas na área privada, que teve leve freio em junho. A indústria registrou queda de 0,9% na ocupação do setor. "O setor público segurou a peteca do emprego em junho, em detrimento do setor privado, que reflete a economia real", comparou o secretário. A aposta de Schüler e da coordenação da PED é que o nível mais positivo de emprego na indústria retorne no terceiro trimestre. "É o período de encomendas", afirma Roberto Wiltgen, da Fundação de Economia e Estatística (FEE).
A socióloga da Fundação Gaúcha de Trabalho e Assistência Social (FGTAS), Irene Galeazzi, destacou que a menor pressão sobre o mercado de trabalho também favoreceu o nível de emprego. Irene informou que houve menor ingresso de pessoas na População Economicamente Ativa (PEA). A PED indicou que 94 mil candidatos a trabalho buscaram oportunidades no período, enquanto a geração foi de 130 mil vagas. A massa de rendimento real dos ocupados e dos assalariados aumentou 8,5% e 6,9%, respectivamente em 12 meses.
Porto Alegre teve a segunda menor taxa de desemprego em junho entre as seis regiões metropolitanas que estão na PED. Belo Horizonte, com 9,9%, registrou recuo de 22% na taxa. São Paulo, com 13,9%, Distrito Federal, com 16,9%, e Salvador e Recife, com 20,6%, vieram na seqüência. A desocupação média nas seis regiões foi de 13,9%.
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