Novos empreendimentos previstos pelo varejo devem movimentar pelo menos R$ 860,5 milhões até 2010
Um conjunto de 11 projetos de construção ou ampliação de shopping centers e hipermercados marca a consolidação de um novo ciclo de investimentos do setor varejista na Capital.
Somados, os empreendimentos devem movimentar no mínimo R$ 860,5 milhões até 2010 e gerar pelo menos 13 mil empregos com a abertura de mais de 1,1 mil lojas e de torres de escritórios.
São seis projetos de novos centros comerciais, dos quais três já em construção: o BarraShoppingSul, o Floresta Shopping Center e o Centerlar. Outros três esperam pelo pontapé inicial dos seus investidores ou de autorizações da prefeitura: o Alto Norte Shopping, o Bourbon Francisco Trein e, um projeto previsto para a Rua 24 de Outubro (veja quadro). A lista é completada pelas ampliações dos shoppings Praia de Belas, Iguatemi, Total e Bourbon Ipiranga e por um hipermercado Carrefour na Avenida Sertório.
Dois fatores explicam as novas operações, na avaliação do presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Marcelo Carvalho. O primeiro é o aquecimento da economia, principal combustível da evolução de 16% no faturamento dos centros comerciais brasileiros em 2007.
— O momento é muito bom. Estamos com menos de 2% de vacância de área (proporção de espaços não ocupados). Nos EUA, este índice hoje é de 9% — compara Carvalho.
O segundo eixo da onda de investimentos é o ingresso de dinheiro do Exterior. Seja pela abertura de capital, como ocorreu com o Iguatemi, seja pela associação com companhias estrangeiros, caso do Multiplan, no BarraShoppingSul. Segundo a Abrasce, sete grupos internacionais estão aportando recursos, ajudando a sustentar os planos para abertura, no país, de 15 unidades em 2008 e 19 em 2009.
Carvalho diz que construção em conjunto de torres de escritório serve para agregar consumidores às lojas:
— O shopping se beneficia como um todo, há uma sinergia de negócios que melhora o resultado de ambos.
Lojistas de rua estão preocupados
Se por um lado os administradores de shoppings fazem planos para aproveitar o crescimento da economia, na outra ponta os lojistas lamentam a multiplicação dos centros comerciais. Os novos projetos devem comprometer a rentabilidade, avalia o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL), Vilson Noer.
O argumento é que redes de lojas consolidadas não podem ficar fora dos shoppings, sob pena de perder mercado. Assim, são forçadas a ampliar seu número de filiais num ritmo maior do que o crescimento das vendas.
— O lojista vai para o shopping por obrigação — diz Ronaldo Sielichow, presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre (Sindilojas).
A prefeitura da Capital vê com naturalidade a concentração dos novos empreendimentos na Zona Norte. A proximidade com municípios industrializados, como Gravataí e Canoas, e o perfil da ocupação da região justificam essa tendência, segundo o secretário municipal de Planejamento, Ricardo Gothe.
— É uma questão de característica. A Zona Sul tem, historicamente, um perfil residencial e hoje recebe empreendimentos imobiliários — afirma Gothe.
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