Uma semana antes da votação da Medida Provisória 432 que trata da liquidação e regularização das dívidas agrícolas, representantes do setor rural gaúcho analisaram ontem detalhes do documento. O relator da MP, deputado Luis Carlos Heinze, disse que entre os avanços está a possibilidade de redução dos juros dos custeios, de 8,75% para 6,75%. "No caso do Banco do Brasil, os juros foram reduzidos para 10,5%. Não conseguirmos avançar com outras entidades, privadas como o Sicredi que manterá os 18%", afirmou Heinze. Outro ponto destacado pelo deputado diz respeito aos prazos para parcelamento do custeio. "Nossa meta é conseguir quatro anos para o Rio Grande do Sul, ao invés de dois como sugerido pelo governo." Heinze lembrou ainda que todos os municípios que tenham declarado estado de emergência durante a última safra em que o mesmo tenha sido reconhecido, não precisarão pagar parcelas de custeio prorrogado deste ano.
O deputado federal Valdir Colatto (PMDB/SC), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária na Câmara e relator adjunto da CPMI, disse que o principal avanço será a permissão para o produtor que renegociar receber novo financiamento.
Apesar de alguns avanços, o documento ainda gera discordância entre os agricultores. Entre elas a diferenciação que está sendo dada entre os produtores que estão enquadrados na dívida ativa e os que não estão. O presidente do Instituto de Estudos Jurídicos (Iejur), Ricardo Alfonsin, disse que o "relatório tem muitas irregularidades." Em função disso, muitos ruralistas se posicionaram contra a votação apressada do documento antes do recesso que começa dia 17. O presidente da Federarroz, Renato Rocha, salientou a importância de se buscar uma saída política para os problemas e se disse favorável à votação da MP antes do recesso. "Se isso não ocorrer, os produtores terão dificuldades de conseguir novos empréstimos."
Durante a manhã, foi realizado o seminário15 anos da CPMI do Endividamento: o que mudou no cenário atual, que buscou fazer um resgate histórico das conclusões do documento, que resultou na publicação da Lei de Securitização. O presidente do Sistema Farsul, Carlos Sperotto, ressaltou a permanente campanha do governo federal pela produção de alimentos. "No primeiro mandato, Lula se elegeu com a cesta básica e, no segundo, com o Bolsa Família. É hora de relembrar o trabalho importante da CPMI", destacou.
Estado responde por 93% dos embarques de arroz
O Brasil exportou 29,6 mil toneladas de arroz em junho e atingiu o maior valor para um primeiro semestre na história. Os dados mostram que, desde janeiro, o País embarcou 243 mil toneladas do produto, um acréscimo de 100% em relação a 2007. Cerca de 61% do volume total foi de arroz beneficiado, o mesmo consumido pela população brasileira. O Rio Grande do Sul, como maior produtor, responde por 93% dos embarques, totalizando 226,9 mil toneladas.
Em moeda, houve incremento de 292% no ano, com o aumento de US$ 18,8 milhões (2007) para US$ 74 milhões. As explicações, segundo o analista de mercado do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Camilo Oliveira, são a mudança no perfil exportador e o bom momento do mercado internacional. "Os países compradores estão procurando por arroz beneficiado, que tem uma melhor qualidade e, conseqüentemente, maior remuneração", afirma.
Trinidad e Tobago, na América Central, acumularam um total de 4,1 mil toneladas em junho, liderando os embarques no mês. O destaque, porém, ficou com a Nigéria, que pela primeira vez importou arroz brasileiro. A quantidade chegou a 2,7 mil toneladas. Oliveira diz que o Brasil pode ter aberto um importante mercado, já que o país africano tem grande consumo de arroz e é um dos principais importadores do mundo. Desde janeiro, o País exportou 83,5 mil toneladas para Benin, o principal destino. Em seguida, aparecem Senegal, com 34,3 mil, e Suíça, com 25,6 mil.
|