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12/06/2008 - IPCA tem maior alta desde abril de 2005
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O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio subiu 0,79%, acelerando-se 0,24 ponto percentual em relação à alta de 0,55% em abril, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice é o maior para meses de maio desde 1996 (1,22%), comparou a coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos. O resultado é também o maior índice mensal desde abril de 2005, quando havia chegado a 0,87%. Os preços dos alimentos, mais uma vez, foram os vilões da inflação, com a maior alta desde o início do Plano Real. "Podemos afirmar, com segurança, que a alta dos alimentos é generalizada", disse a coordenadora.
De janeiro a maio o IPCA acumula alta de 2,88%, enquanto que no mesmo período do ano passado a disparada nos preços medida pelo índice não ultrapassava 1,79%. Em 12 meses até maio deste ano, o IPCA já subiu 5,58%, contra alta de 3,18% no mesmo período terminado em maio de 2007. O resultado em 12 meses está acima do centro da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para o ano de 4,5%, com intervalo de dois pontos percentuais para baixo ou para cima. O IPCA é o índice oficial utilizado pelo Banco Central (BC) para cumprir o regime de metas de inflação.
Segundo Eulina, os alimentos registraram em maio a maior elevação (1,95%) mensal apurada pelo IBGE desde o início do Plano Real (1994). O grupo de alimentos e bebidas contribuiu, sozinho, com 0,43 ponto percentual, ou 54%, do IPCA de maio. A alta de maio foi bem acima da variação de 1,29% em abril. O segmento já acumula alta nos preços de 6,4% em 2008, que supera a variação acumulada em todo o ano passado (2,81%).
Segundo o documento de divulgação da pesquisa, "poucos alimentos escaparam da alta generalizada, sendo as frutas (-5,40%) e o feijão carioca (-11,26%) as exceções a serem destacadas. Os demais preços tiveram crescimentos expressivos". O arroz liderou a contribuição individual (0,11 ponto percentual) do IPCA de maio, com aumento de 19,75% nos preços. Outros destaques de alta foram o pão francês (4,74%) e as carnes (3,45%).
Segundo Eulina, a significativa alta que vem sendo registrada nos alimentos ocorre apesar da safra recorde de 144 milhões de toneladas prevista para este ano, refletindo os aumentos internacionais de preços por causa da alta da demanda no mercado externo e também no mercado doméstico.
No caso do arroz, por exemplo, o reajuste de 19,75% apurado em maio de 2008 consiste na maior alta mensal desde o início do Plano Real, apesar de o aumento de 10% na safra previsto para este ano, de 12,2 milhões de toneladas. De janeiro a maio de 2008, o arroz já acumula alta de 25,75%, ante uma queda de 1,90% acumulada em todo o ano de 2007.


Variação mensal do IPCA


2005 2006 2007 2008
Jan 0,58 0,59 0,44 0,54
Fev 0,59 0,41 0,44 0,49
Mar 0,61 0,43 0,37 0,48
Abr 0,87 0,21 0,25 0,55
Mai 0,49 0,10 0,28 0,79
Jun -0,02 -0,21 0,28 -
Jul 0,25 0,19 0,24 -
Ago 0,17 0,05 0,47 -
Set 0,35 0,21 0,18 -
Out 0,75 0,33 0,30 -
Nov 0,55 0,31 0,38 -
Dez 0,36 0,48 0,74 -



Preços de não-alimentícios subiram 0,46%
Não só os alimentos registraram alta; a inflação de outros produtos medidos pelo IPCA subiu 0,46% em maio, ante 0,34% em abril. Segundo a coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, ao contrário dos alimentos, cujos reajustes são generalizados, no caso dos não-alimentícios as pressões em maio foram localizadas. No acumulado do ano até maio, os não-alimentícios têm alta de 1,91%.
Os destaques de alta nesse segmento, em maio, foram os serviços bancários (extrato adicional, transferências etc.), que tiveram aumento médio de 8,74%; artigos de limpeza (1,81%); remédios (0,97%); ingresso para jogo de futebol (19,69%); passagens aéreas (2,26%); manicure (1,37%); salários dos empregados domésticos (1,2%); artigos para reparos em residência (1,16%); acessórios e peças (1,04%) e artigos de higiene pessoal (0,75%).
Tiveram alta também os preços do botijão de gás de cozinha (1,55%), artigos de vestuário (0,98%) e combustíveis, cuja variação de 0,26% no item se deve ao álcool, em função da alta de 1,11% nos preços do produto.
A tendência da inflação no período acumulado de 12 meses é de permanecer em alta no curto prazo, já que não há perspectiva de arrefecimento da alta dos alimentos em breve, observou Eulina. "A questão dos alimentos, que sempre requer atenção, é que é um fator que pode se alastrar, porque pode haver pressão por dissídios e reajustes e repasse de aumento de custos para os serviços", alertou.
No que diz respeito à taxa do IPCA em 12 meses, de 5,58%, e que permanece em trajetória persistente de alta desde novembro do ano passado, Eulina acredita em novas elevações. "O que se observa é que a taxa em 12 meses vem crescendo insistentemente e já atingiu quase 6% em maio. Se considerarmos que as taxas de junho e julho do ano passado foram muito baixas (0,28% em junho e 0,24% em junho) e serão abandonadas no cálculo de 12 meses nos próximos meses, podemos inferir uma inflação com tendência crescente", afirmou.
Da inflação de 5,58% acumulada no IPCA em 12 meses, os alimentos (que subiram 14,63% no período) contribuem com 3,03 pontos percentuais. Segundo a coordenadora de índices de preços do IBGE, enquanto os produtos alimentícios contribuem para elevar a taxa, o câmbio continua ajudando a conter a alta de preços, evitando reajustes maiores nos próprios alimentos e provocando queda, por exemplo, nos preços dos eletrodomésticos.


INPC
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para a camada de renda mais baixa da população, registrou alta de 0,96% em maio, bem acima da do IPCA (0,79%).
Os produtos alimentícios pesaram mais no INPC e subiram 2,19% em maio. No ano, de janeiro a maio, o INPC acumula alta de 3,32% (também acima da do IPCA, de 2,88%) e no acumulado de 12 meses até o mês passado, a alta é de 6,64% (neste caso, a do IPCA é de 5,58%). O INPC refere-se a famílias com rendimento de um a seis salários mínimos (R$ 415,00 a R$ 2.490,00).

IGP-M
A primeira prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) de junho subiu 1,97%, o maior nível para uma primeira prévia desde dezembro de 2002, quando esse tipo de indicador subiu 2,61%.
A aceleração nos preços foi verificada em todos os indicadores que compõem o índice, que subiu 0,61 ponto percentual em relação à primeira prévia de maio. Os três indicadores que compõem a prévia do IGP-M mostraram alta expressiva nos preços. O Índice de Preços por Atacado (IPA) subiu para 2,35%; o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) teve alta de 0,6% na primeira prévia de junho; e o Índice Nacional de Custos da Construção (INCC) teve elevação de 2,72% na primeira prévia de junho.


IPC
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a inflação apenas na cidade de São Paulo, subiu 1,3% na primeira prévia de junho, o maior nível nessa base de comparação desde o mês de junho de 1994, quando o índice disparou 45,66%.
O indicador chegou ao maior nível desde o índice cheio de fevereiro de 2003 e também se acelerou em relação a maio de 2008, quando havia subido 1,23%. Os preços do grupo de produtos relacionados à alimentação se aceleraram dos 3,17% no encerramento de maio para a alta de 3,68% na primeira prévia de junho.





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