O interesse do Banco do Brasil em incorporar bancos públicos não termina com a Nossa Caixa. A sinalização foi dada pelo presidente da instituição, Antonio Lima Neto, a um grupo de parlamentares em café-da-manhã quinta-feira. No encontro, o executivo reafirmou os planos de expansão que passam pela incorporação de outras instituições. Citou, inclusive, que o gaúcho Banrisul pode ser um potencial alvo no futuro.
Parlamentares que participaram do encontro disseram que Lima Neto defendeu o crescimento do banco como forma de garantir a manutenção da liderança do BB no mercado. A explicação do executivo é de que o banco precisa ganhar musculatura para competir com os concorrentes privados, que adquiriram uma série de instituições financeiras na última década.
Dentro dessa estratégia, Lima Neto argumentou que não sobram muitas instituições públicas que, eventualmente, podem ser incorporadas pelo BB. Nesse ponto da conversa, o presidente do banco deu a entender que a aquisição do Banrisul está nos planos. A instituição é controlada pelo Estado do Rio Grande do Sul, governado por Yeda Crusius (PSDB).
A governadora tucana é companheira de partido de José Serra, que iniciou conversas com o BB para uma eventual venda da Nossa Caixa. Em Porto Alegre, a idéia de repassar o controle acionário do Banrisul tem poucos adeptos. Isso, inclusive, impede a evolução das conversas entre BB e Banrisul. Oficialmente, o discurso do governo do Estado é que o banco vai continuar público e que a venda é completamente descartada. Além disto, para aprovar uma eventual venda do banco, é preciso aprovação de dois terços pela Assembléia Legislativa gaúcha.
Yeda já afirmou, repetidas vezes, que a estratégia é exatamente contrária: reforçar o banco. Mas há quem entenda que o processo de reorganização das contas do Banrisul realizado pela governadora tucana nos últimos meses tem como objetivo pedir um preço mais alto em uma eventual venda. O auge desse trabalho de fortalecimento do banco aconteceu no ano passado, quando o Rio Grande do Sul vendeu ações da instituição no mercado e captou R$ 2 bilhões.
A destinação do dinheiro com as ofertas públicas na Bovespa, no entanto, mostra que a necessidade de caixa do Estado prevaleceu sobre a possibilidade de reforçar o banco: do dinheiro captado, R$ 800 milhões foram para o Banrisul e o restante - R$ 1,2 bilhão - foi usado para reforçar os fundos previdenciários dos servidores públicos gaúchos
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