Revista aponta como um dos maiores conter a inflação e ao mesmo tempo reduzir os juros e os gastos públicos, mantendo o crescimento econômico
A revista britânica The Economist publicou nesta quarta-feira, 29, em seusite uma ampla reportagem analítica sobre os desafios que a presidente eleita Dilma Rousseff (PT) enfrentará a partir de 1º de janeiro, quando tomar posse. A revista elogiou a escolha de Antônio Palocci para chefiar a Casa Civil, como uma demonstração de "autoconfiança" de Dilma, mas lista na matéria vários dos desafios que a presidente eleita enfrentará nos seus quatro anos de governo: conter a inflação e ao mesmo tempo reduzir os juros e os gastos públicos, mantendo o crescimento econômico; realizar as obras de infraestrutura que darão um apoio ao crescimento sustentado da economia, já com vistas ao Mundial de Futebol de 2014 e à Olimpíada de 2016 no Rio de Janeiro; e cortar a dívida pública do governo, atualmente em 42% do Produto Interno Bruto (PIB) para algo ao redor de 30%.
"Ela disse que deseja que as taxas de juros reais, atualmente as mais altas em qualquer uma das maiores economias do mundo, caiam de 5% para 2% até 2014. Mas a inflação subiu para 5,6% em novembro", diz o texto, lembrando que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, subiu o compulsório dos bancos recentemente numa tentativa de esfriar o crescimento econômico. A The Economist lembra que vários economistas esperam uma alta de meio ponto na taxa básica de juros, a Selic (agora em 10,75%) em janeiro, e duas ou três altas posteriores durante 2011.
A revista destaca que Dilma resiste a pressões do Partido dos Trabalhadores (PT) e dos aliados da base do governo para um aumento maior no salário mínimo. "Lula escolheu Rousseff como sua sucessora, em parte porque alternativas mais óbvias foram descartadas por vários escândalos. Mas ele também viu nela alguém que pode transformar grandes projetos em realidade. O Brasil há muito tempo gasta pouco em infraestrutura, e o crescimento econômico está tornando o déficit ainda mais aparente", diz o texto. A matéria lembra que vários aeroportos importantes do País estão operando no limite e destaca que uma greve dos controladores e aeroviários foi evitada na última hora às vésperas do Natal.
Uma das alternativas que a presidente eleita poderá buscar após tomar posse será tirar a Infraero do tacão do Ministério da Defesa e colocar a estatal sob a jurisdição do Ministérios dos Portos, algo que levaria a uma maior ingerência privada no futuro e a ganhos de produtividade e eficiência, além de atrair possíveis investimentos privados ao setor.
A matéria destaca que grande parte da resistência a futuras tentativas de Dilma em reduzir os gastos do setor público poderá vir justamente da classe política brasileira. "Em 15 de dezembro, os políticos do Congresso aprovaram um aumento de 62% nos salários que recebem. Muitos governos estaduais e municípios já seguiram a medida. No total, o custo significará um incremento de R$ 2,2 bilhões por ano", destaca a Economist.
"Nos aeroportos, os manifestantes carregaram faixas perguntando porquê os políticos podem receber enormes aumentos salariais e eles não podem. A greve deles poderá seguir em frente no Ano-Novo, trazendo com um solavanco a senhora Rousseff com os pés de volta ao chão".
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