Bovespa registrou a maior queda desde o dia 29 de abril, quando caiu 2,82%
A Bolsa de Valores de São Paulo ignorou o esperado grau de investimento concedido nesta quinta-feira pela agência de classificação de risco Fitch Ratings. A nota saiu esta tarde e houve uma melhora do índice apenas momentaneamente. O tombo do petróleo e dos metais prejudicou as ações ligadas a esses produtos, como Petrobras e Vale, e isso levou a Bovespa a registrar a maior queda desde o dia 29 de abril (quando caiu 2,82%).
Assim, diferentemente do que ocorreu quando a agência Standard & Poor's elevou o Brasil a grau de investimento, no dia 30 de abril, a Bovespa teve hoje um fechamento negativo. O Ibovespa, principal índice, recuou 1,85%, para 71.797,5 pontos — no dia da decisão da S&P, disparou 6,33%, a maior alta desde 17 de dezembro de 2002.
O índice oscilou hoje entre a mínima de 71.695 pontos (-1,99%) e a máxima de 73.920 pontos (+1,05%). No mês, a Bovespa acumula ganhos de 5,79% e, no ano, de 12,38%.
A Fitch Ratings elevou a classificação de risco de crédito do Brasil de "BB+" para "BBB-", o primeiro degrau tido como grau de investimento, com perspectiva estável. A agência justificou que a elevação reflete a melhora dramática das contas externas e do setor público do Brasil, que reduziu bastante a vulnerabilidade do país a choques externos e de câmbio e fortaleceu a estabilidade macroeconômica, além de melhorar as perspectivas de crescimento para o médio prazo.
Banco Central
Além disso, a agência destacou o pulso firme do Banco Central (BC), que "não hesitou recentemente em elevar a taxa de juro para combater a inflação e ancorar as expectativas de inflação".
A disciplina fiscal do governo também foi destacada, lembrando a meta de superávit primário em 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB).
Vale destacar que logo durante todo o pregão de ontem os boatos eram intensos no mercado de que a Fitch faria a elevação, uma vez que os dados das contas públicas divulgados pela manhã tinham sido positivos.
O BC anunciou ontem que o setor público registrou superávit primário em abril de R$ 18,712 bilhões e, no primeiro quadrimestre, de R$ 61,743 bilhões (equivalente a 6,82% do PIB, muito acima da meta). Por conta da expectativa em relação à Fitch, a Bolsa doméstica subiu 3,04% ontem, a maior alta do mês.
Os investidores, no entanto, não deram bola para o grau de investimento hoje porque já tinham embutido a elevação da nota no preço das ações e também porque o tombo do petróleo e dos metais básicos era o mais imediato a repercutir.
Em Nova York, o petróleo recuou 3,37%, a US$ 126,62 por barril, mesmo depois que os dados de estoques nos Estados Unidos sinalizaram queda. A preocupação dos investidores é que os atuais níveis de preços sirvam como inibidores da demanda pelo produto.
Em janeiro de 1999, o país viveu uma crise cambial, que culminou com forte desvalorização do real (entre os dias 12 e 29 de janeiro daquele ano, o dólar saltou de R$ 1,21 para R$ 1,98) e o fim das bandas cambiais. Desde então, o regime de câmbio no país passou a ser flutuante.
Os metais recuaram motivados por baixas técnicas, fortalecimento do dólar, crescente preocupação com a demanda fraca e aumento de estoques.
Com isso, as ações da Vale e da Petrobras, as de maior peso no cálculo do Ibovespa, desabaram, além dos papéis do setor siderúrgico. Vale ON perdeu 4,74%, Vale PNA recuou 4,30%, Petrobras ON caiu 4,10% e Petrobras PN cedeu 3,24%.
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