O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ironizou hoje, sem citar nomes, grandes empresários que têm de ser socorridos por conta de perdas bilionárias. No evento sobre inclusão financeira promovido pelo Banco Central, em Brasília, Lula também brincou com o baixo rendimento das reservas internacionais brasileiras.
Em seu discurso, o presidente enfatizou a importância de se emprestar recursos para os mais pobres, salientando a avaliação de que poucos recursos nas mãos de muitas pessoas geram distribuição de renda e mais desenvolvimento, enquanto muito dinheiro na mão de poucas pessoas gera concentração de renda. "Quer que o País cresça, se desenvolva, consuma e não fique atrofiado como EUA e Europa, dê prata na mão dos pequenos", disse o presidente. "Quantas pessoas precisam apenas, quem sabe, de R$ 50, de R$ 100, ou de R$ 150 para dar o primeiro passo? Quantas? E quantas vezes a gente vê nos jornais pessoas que tiveram acesso a bilhões e bilhões e bilhões, que não geraram quase emprego, e quebraram. E que nós somos obrigados a ir atrás do prejuízo. Quantas?", acrescentou.
Lula disse que o crédito no Brasil era reduzido e destinado a um número muito restrito de pessoas, antes de seu governo. "Precisou eu, um torneiro mecânico, que não entendia nada de economia, entender que um país capitalista tinha que ter capital", disse, mencionado que o Banco do Brasil sozinho hoje dá mais crédito que todo o sistema financeiro em 2002.
Ao mencionar os diversos números mostrando o forte crescimento do mercado de crédito no Brasil, especialmente para a população mais pobre, Lula disse que a soma dos bilhões já emprestados davam um volume maior do que as reservas internacionais brasileiras, que estão acima de US$ 280 bilhões. E emendou em direção ao presidente do BC, Henrique Meirelles: "Aliás, Meirelles, as reservas estão rendendo pouco, com essa política americana. Vamos emprestar para cooperativa que rende mais."
No pronunciamento, Lula voltou a dizer que os pobres têm maior comprometimento em pagar suas dívidas, porque o nome é o seu maior patrimônio. E, em outra brincadeira, disse que ninguém no alto mundo das finanças, na Basileia (Suíça), acreditaria que o BC brasileiro está promovendo um seminário sobre inclusão financeira.
Aproveitando a fase de transição para o próximo governo, Lula recomendou que os setores ligados ao microcrédito se mobilizem para reivindicar a continuidade dos avanços nessa área.
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