Em outubro, pela primeira desde o começo do ano, as exportações cresceram em ritmo mais forte do que as importações, conforme dados divulgados hoje pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). No mês passado, houve aumento de 37,1% no valor das exportações em comparação com outubro de 2009. Já as importações cresceram 35,9% em relação a igual mês do ano passado.
Além da aceleração das exportações, a média diária de vendas alcançou o valor de US$ 919,1 milhões, recorde para meses de outubro e o terceiro melhor desempenho da história, ficando atrás apenas das médias registradas em maio e agosto de 2008, ou seja, antes da crise mundial.
O total das vendas brasileiras ao exterior alcançou US$ 18,381 bilhões em outubro, confirmando as expectativas do governo, que na semana passada elevou a meta de exportações em 2010 de US$ 180 bilhões para US$ 195 bilhões. "No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento de 29,7% é muito bom, considerando que a previsão do FMI para a média mundial este ano é de 19%", avaliou o secretário de Comércio Exterior do MDIC, Welber Barral.
Segundo o secretário, a velocidade de crescimento das exportações deve recuar um pouco em novembro e dezembro, pois quase todos os embarques da última safra agrícola brasileira foram realizados até outubro. "Mesmo assim, cumpriremos a meta", completou Barral. Ele reconheceu, no entanto, que parte do bom desempenho das vendas no mês passado foi causado pelo aumento dos preços de negociação de produtos básicos, principalmente no caso do minério de ferro.
Na comparação com outubro do ano passado, as vendas de bens primários aumentaram 58,1%, enquanto as de bens intermediários cresceram 31,9% e de manufaturados apresentaram elevação de 21,2%. "O aumento da participação dos básicos na comparação anual está diretamente relacionado com os preços. Ao longo dos últimos dois anos, os produtos básicos mantiveram as vendas e aumentaram o preço. Por isso estão ganhando participação na pauta", argumentou.
No caso do minério de ferro, a demanda da siderurgia chinesa, além de assegurar mercado para o produto brasileiro, também tem gerado influência sobre os preços, apontou Barral. Da mesma forma, o aumento do consumo de açúcar na Índia e no Paquistão impulsiona as remessas do produto. Por isso, as vendas para o continente asiático aumentaram 75,8% em outubro na comparação anual, com crescimento de 87,3% para a China.
No acumulado do ano, porém, o destino que ganhou destaque foi o Mercosul, com incremento de 49,8%. Para a Argentina, o aumento chega a 53%. "A integração com Argentina continua avançando, com aumentos crescentes de exportações para os dois países. Hoje a Argentina já é um parceiro que importa do Brasil quase o mesmo volume que os Estados Unidos", disse Barral.
Importações
Para as importações, que tiveram aumento acumulado de 43,8% nos dez primeiros meses de 2010, o secretário estima que o ritmo deve continuar caindo ligeiramente até o fim do ano, uma vez que a maior parte das encomendas de Natal já foi finalizada. Em outubro, por exemplo, o volume importado foi 2,2% inferior ao registrado em setembro. Segundo Barral, o aumento expressivo de compras este ano não é exclusividade do Brasil, pois outros países como Coreia do Sul, China, México, Argentina e Índia apresentam resultados semelhantes.
Em outubro, o maior aumento nas importações envolveu bens de consumo, com expansão de 40,5% em relação ao mesmo mês de 2009, movimento pressionado pelas importações de automóveis, na mesma proporção. Em seguida, apareceram as compras de bens de capital (37,2%) e matérias-primas (33,1%). "É preciso notar que, em valor, 84% do total das importações brasileiras são feitas pela indústria, que está tentando ampliar competitividade por meio da importação de máquinas para atualizar o parque instalado e também importando matérias-primas mais baratas", concluiu.
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