A Bovespa está realizando uma consulta pública para ouvir a opinião do mercado sobre a criação de um novo índice. Desta vez, o foco são ações de empresas do setor imobiliário. Tradicionais nas bolsas de valores de todo o mundo, os índices refletem o desempenho de papéis agrupados a partir de critérios preestabelecidos. Na prática, funcionam como indicadores das negociações e são um referencial para os investidores no momento de decidir em quais empresas aplicar seu dinheiro. A coleta de informações se estende até 2 de junho e a partir dela será definido o nome, a metodologia e os setores que irão compor o índice.
Segundo a bolsa, a criação do indicador reflete o crescimento da participação do segmento da construção civil no mercado acionário, impulsionado pelos diversos IPOs ocorridos no ano passado. Empresas de construção, transporte, engenharia, materiais de construção, intermediação imobiliária e financeiras poderão integrar o referencial.
"O novo indicador tem por objetivo oferecer uma visão segmentada do mercado acionário, medindo o comportamento das ações mais representativas dos setores da atividade imobiliária que forem definidos após esta consulta pública", informa. A base do novo indicador será fixada em 1 mil pontos para a data do dia útil imediatamente anterior ao seu início de divulgação.
Os índices das bolsas são demonstrativos do desempenho dos papéis das empresas que os compõem. Entre os mais tradicionais do mundo estão o Dow Jones da bolsa de Nova Iorque e o FT-100, de Londres. O Ibovespa, criado em 1968, é o mais popular entre os brasileiros. Seu cálculo é feito a partir de uma média ponderada dos preços das 64 ações com maior liquidez negociadas na bolsa paulista e é o referencial médio da movimentação do mercado nacional. Para os investidores, ele serve como uma ferramenta de comparação entre o desempenho de suas empresas e a média. "Monto minha carteira de ações e comparo com o índice para ver como estou indo", explica o diretor acadêmico de cursos da XP Educação, Leandro Rassier.
O analista da Corretora Diferencial Guilherme Mazuhi acrescenta que o índice também funciona como um termômetro de setores com bom desempenho e nos quais pode ser interessante aplicar. "O investidor consegue ter mais dados para realizar análises e escolher o melhor investimento", diz. No entanto, Rassier, da XP, observa que é preciso ficar atento, pois comprar papéis de uma empresa só por ela integrar um índice de alto desempenho, como o Ibovespa, não é garantia de bom negócio. "Tem muita coisa boa e muita coisa ruim dentro do índice. O importante é usar a informação como valor de comparação", afirma.
Atualmente, a Bovespa possui dez índices. Desses, três reúnem informações setoriais: telecomunicação, energia e indústria. "Essa informação é importante porque o investidor e os analistas conseguem olhar o setor como um todo e verificar seu desempenho em comparação com outros", destaca Rassier.