A valorização histórica do índice Ibovespa, que na quarta-feira fechou em 72.294 pontos após o recorde de 73.516 alcançado na véspera, melhora o ânimo dos investidores e faz com que os analistas de mercado revejam suas previsões sobre o desempenho do mercado de capitais neste ano. Após um início de ano bastante duvidoso, marcado pela turbulência geral originada na crise do subprime nos Estados Unidos, as boas notícias têm favorecido os negócios na bolsa brasileira.
O principal desencadeador dessa onda de recordes sucessivos na Bovespa foi a elevação do Brasil a grau de investimento pela agência de rating Standard&Poor's, em 30 de abril. Se em dezembro o gerente da mesa de ações da Banrisul Corretora, José Roberto Salgado, projetava um patamar de 76 mil pontos para o Ibovespa até o final de 2008, hoje sua opinião é outra. "Fui um pouco pessimista. Devemos chegar a 80 mil ou até 85 mil pontos", estima. A razão para essa revisão na avaliação está na expectativa de que a agência Fitch confirme logo uma segunda nota de investment grade para o País, viabilizando um ingresso significativo de recursos estrangeiros no mercado brasileiro. "Já tem entrado algum capital, mas em geral são os mesmos investidores que já compõem o mercado", diz. O diretor de estratégia e produto da Infinity Asset Management, André Paes, também firma sua aposta em 85 mil no Ibovespa. "É um aumento pertinente de 17%", avalia. Segundo Paes, houve um impacto muito grande no dia do anúncio da S&P e que continuou influenciando os negócios. No entanto, ele diz que ainda não percebeu o tão esperado aumento de ingresso de investimentos. "O fluxo continua normal porque a maioria dos fundos só pode investir após a confirmação de um segundo rating", explica.
Mesmo sem estimar uma pontuação para o Ibovespa até o final do ano, o analista da Geração Futuro Rafael Weber afirma que o benefício do rating se confirmou nessas últimas semanas, principalmente porque algumas empresas e setores já vinham com uma ótima performance. Concentrado em acompanhar o desempenho das companhias que compõem a carteira dos fundos administrados pelo banco de investimento, Weber diz que há boas perspectivas, o que, se estendido para outras empresas, deve fazer com que o indicador da Bovespa tenha um bom resultado. "Tudo isso depende da economia continuar nesse ritmo de crescimento", alerta.
Para aproveitar essa valorização, o investidor deve ficar atento às companhias ligadas a commodities, mas também pode ganhar ao apostar nas empresas cujas ações não têm grande liquidez, mas possuem bons fundamentos, escapando da cotação alta das blue chips. "As small caps podem trazer mais benefícios porque terão um crescimento maior em função do mercado interno", diz.