O prêmio Nobel de Economia de 2008, Paul Krugman, afirmou hoje em São Paulo ser viável que o Brasil cresça em média 5% nos próximos três ou quatro anos. "Esse é um País que tem 200 milhões de habitantes, um mercado interno grande e apresenta boas condições econômicas, com uma forte redução da desigualdade social nos últimos anos", apontou o norte-americano. O economista fez referência a 29 milhões de pessoas que saíram da classe E e ingressaram nas classes C e D de 2003 a 2009, como apontou a Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ).
Krugman classificou como "sensível" e "bem razoável" a condução na política econômica pelo governo Lula. "Os três demônios estão sob controle: a inflação, o câmbio e a questão fiscal", afirmou. O acadêmico destacou que não vê o atual desempenho da economia como uma expansão muito alta, que justificaria toda a empolgação com o País, registrada no mercado financeiro internacional. O economista observou que esse sentimento positivo também foi registrado nos Estados Unidos em 1993 e 1994, no governo do ex-presidente Bill Clinton, o que foi muito importante para que aquele país ingressasse no maior período de prosperidade de sua história.
Krugman mostrou-se tranquilo em relação ao momento político no País, tendo em vista as eleições de outubro. "Vejo as declarações dos candidatos, o que não interfere na economia", afirmou.
Câmbio
Ao contrário do que manifestou há cerca de um ano, em São Paulo, o economista não acredita que a valorização do câmbio hoje seja um problema para a economia do Brasil. "Se o déficit de transações correntes atingir 3% a 4% do PIB, tudo bem. O quadro fica preocupante quando esse indicador fica bem maior, algo perto de 6% a 7% do Produto Interno Bruto."
Questionado pela reportagem da Agência Estado o que o fez mudar de opinião, ele respondeu com certa ironia: "É que naquela época eu não estava suficientemente pessimista sobre a economia mundial como estou hoje".
Em palestra realizada hoje de manhã na capital paulista, Krugman destacou que o nível da atividade econômica nos EUA deve ficar fraco nos próximos seis anos. Ele previu que para o desemprego nos EUA retornar ao patamar de pleno emprego, ou seja, algo próximo a 5%, deverá demorar pelo menos 20 anos. Hoje a taxa de desemprego norte-americana é de 9,6%.
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