As mudanças promovidas pelo Banco Central (BC) na taxa básica de juros têm efeitos mais fortes e imediatos nas grandes instituições financeiras do Brasil, ao contrário do que se observa em outras economias. Essa característica peculiar, apurada pela primeira vez por três economistas da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio), é provocada pela maior dependência desses bancos aos depósitos à vista de seus correntistas como fonte de recursos para operações de crédito e pode contribuir para o aumento de "potência" da política monetária ao longo dos próximos anos, por causa do processo de concentração do setor bancário.
Assinado pelos economistas Christiano Coelho, João Mello e Márcio Garcia, o estudo foi feito com base em um banco de dados inédito que contabiliza todas as operações de crédito e taxas cobradas pelo sistema financeiro entre junho de 2000 e dezembro de 2006. O levantamento mostra que aumentos inesperados da Selic (a taxa básica de juros da economia) resultaram em uma queda no volume de novos empréstimos e elevação dos juros cobrados nas operações concedidas pelos grandes bancos.
Uma das explicações para esse movimento é que as instituições de maior porte instaladas no Brasil dependem mais dos depósitos à vista - normalmente a forma mais barata para garantir recursos - para financiar suas operações de crédito do que os pequenos. Instituições de menor porte têm uma presença mais localizada, o que dificulta a captação de depósitos à vista na escala feita por seus concorrentes de grande porte. Por isso, esses bancos acabam garantindo seus recursos por meio de outras fontes, menos suscetíveis a movimentos inesperados da política monetária.
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