Dados do BC mostram que, nos sete primeiros meses do ano, já foram desembolsados R$ 108,09 bilhões, valor recorde para o período
O Brasil nunca gastou tanto para pagar os juros da dívida pública. Dados divulgados nesta quinta-feira, 26, pelo Banco Central (BC) mostram que, nos sete primeiros meses do ano, já foram desembolsados R$ 108,098 bilhões, um valor recorde para o período. Também é histórica a despesa nos 12 meses encerrados em julho, que somou R$ 182,132 bilhões.
Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, o aumento do desembolso está ligado à aceleração dos índices de inflação, o que impacta nos juros de mais de 30% da dívida pública. Também pesou o fim da rentabilidade gerada pelos contratos de swap (troca) cambial, que no ano passado haviam reduzido momentaneamente o gasto com juros.
Altamir explicou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que já remunera 26% da dívida pública, subiu de 2,81% nos sete primeiros meses de 2009 para 3,10% em igual período de 2010. No caso do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), que é referência para 4,7% da dívida, o índice passou de uma deflação de 1,66% em 2009 para uma alta de 5,85% entre janeiro e julho de 2010.
Além disso, os contratos de swap cambial haviam gerado, em 2009, lucro de R$ 3,2 bilhões para o BC. O resultado positivo era, na época, abatido do gasto total com juros. Em 2010, no entanto, o ganho com esses contratos não existiu e, portanto, não houve qualquer abatimento da despesa com juros, segundo Altamir. No ano, a influência dos contratos de swap é ainda maior. Nos 12 meses até julho de 2009, a despesa com juros havia sido reduzida em R$ 13,9 bilhões pelo ganho com swap. Agora, nos 12 meses até julho de 2010, não houve nenhum ganho com esse tipo de contrato.
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