O mercado de previdência complementar vive uma mudança em seu paradigma, gerando necessidade de maior capacidade de adequação à nova realidade por parte dos administradores dos fundos de pensão. A opinião foi exposta pelo líder global da Consultoria Mercer, Bruce Rigby, durante o Seminário Mercer de Previdência, realizado ontem em São Paulo. Segundo o executivo, alguns fatores fizeram com que o entendimento sobre o sistema previdenciário garantido por empresas fechadas -aqueles que não estão abertos a contratações de não-funcionários- sofresse alteração considerável nos últimos anos.

O método desse sistema tem migrado do Benefício Definido - benefício cujo valor é determinado no momento da adesão- para a Contribuição Definida - em que se define o valor que o beneficiário recolherá ao fundo, mas a aposentadoria tem eu valor permanentemente ajustado conforme o saldo da conta. No Brasil, segundo a Secretaria de Previdência Complementar, o regime CD representava 3% das aplicações em 1989, proporção que saltou para 32% em 2007. O BD passou de 82% para 36% do total.

Entre os motivos desse comportamento está o aumento da expectativa de vida da população, que deve aumentar em 20% até 2050. "O aposentado utilizará sua pensão por um período de tempo um quinto maior do que o atual. Apenas na América Latina, para se ter uma idéia, até aquele ano haverá três vezes mais aposentados do que funcionários ativos", explicou. Aqui, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística, o número de idosos com cem anos ou mais chegou a quase 11,5 mil pessoas no ano passado. Em 2006, a esperança de vida do brasileiro ao nascer era de 72,3 anos.

E o risco também aumentou. "Nos EUA, por exemplo, o total de sinistros pagos pelas empresas de previdência complementar passou de US$ 1,3 bilhão em 2001 para US$ 5,8 bilhões em 2005", disse.

Por fim, virá a resposta da população: diante de uma realidade em que será difícil saber se a pensão será suficiente para garantir o padrão de vida, a aposentadoria será adiada. "Será mais comum ter novos trabalhadores velhos nas companhias ", finalizou.