Crescimento da importação de mão de obra qualificada aquece mercado de recepção e treinamento intercultural.

A escassez de mão de obra qualificada no Brasil e a importação recorde de profissionais estrangeiros que têm sido dor de cabeça para muita gente viraram negócio nas mãos da empresária carioca Mônica Melo. Formada em comunicação social, com especialização em pedagogia, professora de inglês e de português, ela percebeu que uma de suas maiores qualidades é "acolher" e abriu uma empresa de consultoria para receber estrangeiros que chegam ao País.
O serviço não é novo no Brasil, mas estava estagnado nos últimos anos. Agora, com o novo ciclo de desenvolvimento da economia, voltou a ser uma opção de negócio, especialmente para profissionais de Recursos Humanos que querem empreender na sua área. A Welcome Expats, empresa de Mônica, está operando em Macaé (RJ), onde, segundo a prefeitura, mais de 10% da população de 200 mil habitantes é formada por estrangeiros.
Desde de janeiro, ela atendeu 34 profissionais "importados". Mônica reuniu na mesma empresa dois tipos de serviços que geralmente são prestados separadamente: o chamado relocation – que cuida das questões práticas da mudança, como visto, imóvel, escola para os filhos – e o treinamento intercultural – que se preocupa com a adaptação da família na cidade. "Nossos principais clientes estão na cadeia de óleo e gás, em fornecedoras da Petrobrás", conta. "Nesse setor, temos muita oportunidade porque o relacionamento ruim entre funcionários de uma plataforma, por exemplo, pode significar até risco de acidente."
Um dos clientes mais recentes é uma família sul-africana que chegou há dois meses em Macaé. Além de providenciar visto de trabalho, casa, escola para a filha de quatro anos, aulas de português, supermercado e médico, Mônica foi incumbida pela empresa contratante de convencer a mulher do engenheiro a ficar no Brasil. "Eles precisam do profissional e, para isso, precisam ter a mulher satisfeita também."
Migração
As concessões de visto de trabalho no País crescem em média 17% por ano. No primeiro trimestre de 2010, 11.530 estrangeiros (a maioria com ensino superior, técnico e até pós graduação) desembarcaram para trabalhar no Brasil. "Com o aumento da migração, a demanda por esses serviços está crescendo nitidamente", diz a vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos, Elaine Saad.
No mercado há 14 anos com uma consultoria em São Paulo, a empresária Tânia Maluf Cardoso diz que o aquecimento da economia está mexendo com o segmento, tanto que neste ano a empresa ultrapassou pela primeira vez os limites do Estado de São Paulo e se instalou também no Rio de Janeiro, onde estão concentrados os negócios da cadeia de óleo e gás.