Depois de registrar a maior seqüência de alta desde dezembro do ano passado, o dólar passou por uma correção nesta sexta-feira, perdendo valor ante o real. Mas com quatro altas em cinco pregões, a divisa fecha a semana com valorização de 2,18%. No ano, porém, a desvalorização do dólar ainda é de 5,12%.
Depois de testar R$ 1,706 pela manhã, as vendas ganharam força e a moeda chegou ao final do dia transacionada a R$ 1,684 na compra e R$ 1,686 na venda, queda de 0,47%.
Na roda de " pronto " da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BMF), a divisa apresentou queda de 0,50%, a R$ 1,685. O volume financeiro foi de US$ 168 milhões, quatro vezes menor do que o observado ontem. Hoje também saíram negócios com vencimento em D+1, com a taxa fechando a R$ 1,689, alta de 0,56%, e US$ 100 milhões movimentados.
Segundo o operador da Alpes Corretora, Renato Schoemberger, o pregão de hoje não teve movimentação expressiva, e o leve recuo da taxa reflete o desmanche de posição comprada de investimentos estrangeiros e algum fluxo positivo de recursos.
Para o operador, há espaço para o dólar subir um pouco mais ante o real, apesar de enfrentar grande resistência no patamar de R$ 1,70.
De acordo com Schoemberger, o que deixa os agentes cautelosos e pouco propensos aos negócios são as discussões envolvendo a criação de um fundo de renda soberana pelo Brasil. Além disso, os investidores aguardam o anúncio do pacote industrial, na segunda-feira, que pode conter alguma medida tributária envolvendo as importações e exportações.
Quanto ao fundo soberano, o especialista indica que uma das dúvidas é como será a atuação no mercado de câmbio. Se o Tesouro operar como o Banco Central, que compra o excesso de moeda em seus leilões diários, a taxa tende a ficar estável. Mas se for percebida uma pressão de compra, o mercado vai puxar a taxa.
" Não acredito que o Tesouro tenha interesse em pressionar a moeda para cima, mas sim segurar a taxa, pois o câmbio ainda favorece a inflação. "
Em entrevistas ao longo da semana, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, sinalizou que o fundo, que deverá financiar empresas brasileiras no exterior, pode começar com um patrimônio de US$ 10 bilhões a US$ 20 bilhões.
Para o economista da Geral Asset, Denílson Alencastro, outro fator que tem influenciado a formação da taxa, além das discussões do fundo soberano, são as operações de derivativos.
O economista lembra que os bancos seguem com uma elevada posição comprada (aposta de alta do dólar) e naturalmente pressionam a taxa para cima para rentabilizar suas posições.
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